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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Ver as velas * (Pochichá)

Quando viajava nestes trilhos
Do Araçuaí à Caravelas
Via praias tão belas
Que me convidavam a ficar

E vendo agitarem-se as areias
Lembrava-me das boas bateias
Das pedras que brotavam da terra
Urgia que tinha de voltar

Viajava no meio da mata
Botocudos me viam passar
Andava sempre carregada
De tesouros e amores sem par

Levava pedra, levava madeira
Levava amor e pesar
Mas hoje fiquei prisioneira
Nessa gaiola sem ar

Me deram o nome do barulho
Que fazia meu vapor cantar
Saía alegre na carreira
Tendo por destino o mar

Gente amiga e faceira
Peço com muita clemência
Usem a vossa inteligência
Não me deixem enferrujar

Comemorem meu aniversário
Com festa, balão e beleza
Façam-me funcionar, do contrário
Pochichá morrerá de tristeza!

* Poesia premiada com Menção Honrosa no V Prêmio Literário da Academia de Letras de Teófilo Otoni, ano 2020

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