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terça-feira, 7 de outubro de 2025


Inicio esta prosopopéia com um poema de minha lavra e autoria:


"Como pode o homem reclamar

Se dele pode nascer outro homem ?

Como pode-se reclamar

Da beleza da vida?

Como se pode negar a natureza

Que nos brinda cada dia

Com mais presentes nunca sonhados?"



Esta é a beleza da vida: o cheiro de mato, a neblina que vem descendo o morro em sua direção, o cheiro do gosto de uma fruta, o marulhar do vento nas folhas, a imponência das montanhas.

Sentir-se parte da criação, sentir-se parte daquelas rochas que solenemente te fitam, silenciosas, mudas, é um privilégio que poucos possuem.

A vida está cada vez mais apressada, o tempo, um conceito que os humanos criaram, arrasta consigo multidões de escravos que atrelados a dois ponteiros, vivem suas vidas girando ao passo de um mecanismo de relógio que faz tic-tac, tic-tac.

Mas é muito engraçado, pois o relógio não faz tic-tac, mas sempre tic-tic – mas tão bitolados estamos, que ouvimos o raio do tic-tac, como se ele fosse verdade...

Enquanto isso, a natureza segue seu lindo ritmo, impassível diante dos ponteirinhos que comandam os néscios humanos que se desligaram dos ciclos da vida...

Os dias do ano não têm a mesma duração durante o ano todo – o ano não tem exatamente 365 dias, mas o humano, no bater de seus tic-tacs, arrumou uma maneira de compensar e enfiou um dia a cada quatro anos.

E a vida, impassível, desabrocha, dá frutos, chove, relampeja, nasce, cresce, morre – e os humanos sempre preocupados com o fluxo do tempo se esquecem da beleza da vida...

É um privilégio fazer parte da criação – por poucos segundo poderíamos ou não existir, ou sermos outros seres completamente diferentes...

Mas somos o que somos – pensamos, logo existimos, e nossa razão de existir deveria ser observar o nosso mundo e pasmos, com lágrimas a nos toldar a visão, admirar as belezas que a natureza nos brinda.

O cheiro do mato depois de uma garoa é fantástico, os pássaros regozijam-se, trinam, chilreiam, mas não nos damos conta, porque estamos preocupados com o tic-tac da vida.

Que pena é desperdiçar o privilégio de admirar as criações da vida que desfilam sem cobrar diante de nossos olhos e que não pedem nada senão o nosso pasmo diante da beleza.

De uma simples formiga, até uma gigante árvore, tudo pode ser admirado, bastando termos tempo para isso – filosofar sobre a vida não nos faz menos responsáveis, au contraire, nos faz cada vez mais senscientes de que estar vivo em meio a tantas belezas é realmente um privilégio.

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