Em volta de Jaqueira imperam as plantações de cana.
Como eles mesmo dizem é cana que num acaba mais – morros e morros de monocultura de cana, comendo o chão, secando a terra, rachando o solo.
E os cabras cortam tudo que vêm pela frente prá encher a terra de cana.
Mas tem uma árvore, só uma, que eles preservam – é o pé de cajá.
Dizem que se cortar dá azar.
Mas teve um curau, desconfiado – sempre tem um – que resolveu meter o machado prá cortar um pé de cajá enorme no meio de sua plantação, porque toda vez que os peões iam cortar cana, ela atrapalhava prá medir as contas.
Então meteu o machado no pé de cajá. Plantou cana. Ficou pensando, feliz, que na hora de medir a conta de cem braças, não ia ter que aturar o peão cortando menos cana que devia, só porque o pé tava lá no meio da conta.
E veio o verão, a cana cresceu, botaram fogo nela, como sempre, prá tirar as palhas e aqueles cabelinhos que entram na mão e machucam e depois que o calor abaixou, entraram os peões, que tinham descido do caminhão e começaram a cortar a cana, de acordo com as contas que o cabo tinha marcado à mando do capitão dono do engenho.
E ninguém queria cortar a conta que o capitão tinha derrubado o pé de cajá – todos sabiam qual era – dava azar.
E foi um tal de eu não, eu não, que o capitão, ele mesmo, que já nem tava com as mãos calejadas de cortar cana, porque agora ele só administrava, resolveu ir lá naquela conta e ele mesmo cortar.
Desceu de seu cavalo, passou uma bronca no seus cabos dizendo que eram muito bestas, que num prestavam, mandou todo mundo de volta pro engenho, pegou da estrovenga e foi lá cortar cana daquela conta.
E foi cortando, cortando, cortando, e a cana ia deitando no chão como se obedecesse seu mestre.
Mas foi aí, bem no lugar que ele tinha derrubado o danado do pé de cajá, que ele meteu os pés pelas mãos, e mandou a estrovenga na canela.
Foi um corte fundo, e ele mal conseguia andar, mas foi perdendo sangue, que escorria prás canas, tingindo-as de vermelho, e o cabra sozinho, se arrastou até o lugar onde tinha apeado de seu cavalo.
E cadê o cavalo ?
Tinha fugido, e ele ali tava aperreado, sem comer, no meio do nada, o sol rachando no coco, e o sangue descendo.
Desmaiou, o coitado.
E sonhou....
No sonho viu um anjo, desses com asas muitcho brilhantes que lhe disse: Meu filho, tu sabes que cortar pé de cajá dá azar – olha no que deu.
Acordou assustado com seus peões chegando de caminhão prá cortar cana no outro dia.
Mal deu prá chegar com ele na cidade, pré mode de poder enfaixar o pé.
E a ferida custou muito a cicatrizar...
Vai cortar pé de cajá, vai!
Como eles mesmo dizem é cana que num acaba mais – morros e morros de monocultura de cana, comendo o chão, secando a terra, rachando o solo.
E os cabras cortam tudo que vêm pela frente prá encher a terra de cana.
Mas tem uma árvore, só uma, que eles preservam – é o pé de cajá.
Dizem que se cortar dá azar.
Mas teve um curau, desconfiado – sempre tem um – que resolveu meter o machado prá cortar um pé de cajá enorme no meio de sua plantação, porque toda vez que os peões iam cortar cana, ela atrapalhava prá medir as contas.
Então meteu o machado no pé de cajá. Plantou cana. Ficou pensando, feliz, que na hora de medir a conta de cem braças, não ia ter que aturar o peão cortando menos cana que devia, só porque o pé tava lá no meio da conta.
E veio o verão, a cana cresceu, botaram fogo nela, como sempre, prá tirar as palhas e aqueles cabelinhos que entram na mão e machucam e depois que o calor abaixou, entraram os peões, que tinham descido do caminhão e começaram a cortar a cana, de acordo com as contas que o cabo tinha marcado à mando do capitão dono do engenho.
E ninguém queria cortar a conta que o capitão tinha derrubado o pé de cajá – todos sabiam qual era – dava azar.
E foi um tal de eu não, eu não, que o capitão, ele mesmo, que já nem tava com as mãos calejadas de cortar cana, porque agora ele só administrava, resolveu ir lá naquela conta e ele mesmo cortar.
Desceu de seu cavalo, passou uma bronca no seus cabos dizendo que eram muito bestas, que num prestavam, mandou todo mundo de volta pro engenho, pegou da estrovenga e foi lá cortar cana daquela conta.
E foi cortando, cortando, cortando, e a cana ia deitando no chão como se obedecesse seu mestre.
Mas foi aí, bem no lugar que ele tinha derrubado o danado do pé de cajá, que ele meteu os pés pelas mãos, e mandou a estrovenga na canela.
Foi um corte fundo, e ele mal conseguia andar, mas foi perdendo sangue, que escorria prás canas, tingindo-as de vermelho, e o cabra sozinho, se arrastou até o lugar onde tinha apeado de seu cavalo.
E cadê o cavalo ?
Tinha fugido, e ele ali tava aperreado, sem comer, no meio do nada, o sol rachando no coco, e o sangue descendo.
Desmaiou, o coitado.
E sonhou....
No sonho viu um anjo, desses com asas muitcho brilhantes que lhe disse: Meu filho, tu sabes que cortar pé de cajá dá azar – olha no que deu.
Acordou assustado com seus peões chegando de caminhão prá cortar cana no outro dia.
Mal deu prá chegar com ele na cidade, pré mode de poder enfaixar o pé.
E a ferida custou muito a cicatrizar...
Vai cortar pé de cajá, vai!
Nenhum comentário:
Postar um comentário