Praticamente o último dia do ano, esse período dá uma dezembrite danada. Coisas que não foram, coisas que não tinham que ser e que foram.
Mais um ano acaba, nessa jornada inexorável que é a vida, mais um ano de perdas e ganhos, de vitórias e muitas derrotas.
Fico bem triste essa época do ano, me dá um saudosismo de outras épocas, e sempre me dá uma sensação de desmoronamento.
Tempo que éramos crianças, de inocência, de vida leve e divertida, com família completa, com companhias. Isso tudo vai diminuindo...
Pessoas vêem e vão, e deixam buracos onde alocamos espaço em nossos corações para elas. Deixam um vazio. E nosso coração vai indo assim, pela vida, ganhando cada vez mais furos.
Talvez, quando não reste mais nada para esburacar em nossos corações, seja a hora de partirmos desse mundo...
É inevitável: a gente acaba por fazer um balanço do que passou e que a gente queria que tivesse feito - e vemos que cronogramas são sempre feitos para serem furados...
Projetos que não saem do imaginário...
E dá uma agonia premente de fim de ciclo, de fim de ano - isso que é a dezembrite.
E ainda tem a obrigação das festas de fim de ano, como se fosse legal festejar todas as merdas que aconteceram no ano que passou.
Não sei porque a gente acaba por lembrar dos fracassos e tropeços do ano. Acho que eles nos afetam muito mais do que as coisas boas que passaram. Marcam mais.
Machucam mais.
Mas a vida é assim, uma sucessão de atropelos e desavenças e poucos sucessos, entre dois papéis: a certidão de nascimento e de óbito.
E como dizia um colega meu, a gente vai até onde o curréi güentá...