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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Conto: Rotas (2 - A Papisa)

A Papisa

Mais uma vez o Louco se pôs a caminhar em direção ao Oriente, pois de
lá vinha uma força que o atraía mais e mais, uma luz que o fazia mover
suas cansadas e feridas pernas em direção ao desconhecido.

Caminhou muito, até que se deparou com uma casa imponente por entre
as folhagens da floresta, uma casa velada, que não estava ali para ser
encontrada por todas as pessoas.

Dirigiu-se a porta e bateu três pancadas secas com a ponta de seu
bastão - não obteve resposta imediata, quando ia empunhar novamente
seu bastão para atingir a pesada porta, escutou um baque apenas vindo
de dentro e resolveu esperar.

Minutos após uma mortificante espera, a pesada porta se moveu sem que
ninguém a estivesse abrindo - uma grande mansão se descortinou diante
de seus olhos, ainda mais imponente do que vista por fora.

Resolveu entrar, e logo que seus dois pés se encontraram dentro do
piso xadrez, a porta se cerrou com tamanha força que pareceu que um
titã a batera.

Não tinha medo - há muito que não o sentia.

Foi andando em direção a uma luz que provinha de um cômodo mais
distante, até que chegou a uma porta com quatro letras gravadas. Ao
tentar pronunciá-las, uma mão tapou-lhe a boca - era uma mulher, que
abrindo a porta foi se sentar num trono na parte leste do aposento,
indicando-lhe uma cadeira na parte oeste.

Ela começou a falar - primeiro em uma língua estranha - mais parecia
uma prece, mas logo falou numa língua que o Louco compreendeu.

Dizia ela ter sido Papisa de uma grande civilização, que caiu em
declínio por causa das vaidades humanas - alertava ela para os perigos
do ser humano destruir sua própria raça, de destruir seu planeta.

Falava ela de conceitos estranhos, sobre dias de milhões de anos, e
de anos de milhões de dias - coisas que o Louco nem suspeitava que
existissem.

Um livro estranho lhe servia de guia - ou era o que parecia, e ela o
trazia parcialmente escondido no manto (coisa que o Louco não se
importava, pois se todas aquelas palavras eram pérolas, ele era um
porco e as pisoteou).

Era estranho, mas ao fim de todo o discurso, ela disse em voz alta
que nenhum mortal jamais descobrira o que ela escondia em seus véus.

Isso o Louco logo percebeu...

Mas essas coisas de destino da humanidade e do planeta não eram
coisas para que ele se preocupasse, ele era um simples andarilho e não
salvaria o mundo de catástrofe nenhuma.

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