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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Coitado do Tio Tonico!

Meu Tio Tonico

Meu tio Tonico estava bem de saúde, até que sua esposa, minha tia Marocas,
a pedido de sua filha, minha prima Totinha, disse:

-Tonico, você vai fazer 70 anos, está na hora de fazer um check-up com o
médico.

- Para quê, estou me sentindo muito bem!

-Porque a prevenção deve ser feita agora, quando você ainda se sente
jovem, disse minha tia.

Então meu tio Tonico foi ver um médico. O médico, sabiamente, mandou-o
fazer testes e análises de tudo o que poderia ser feito e que o plano de
saúde cobrisse.

Duas semanas mais tarde, o médico disse que os resultados estavam muito
bons, mas tinha algumas coisas que podiam melhorar. Então, receitou:

* Comprimidos Atorvastatina, para o colesterol;

* Losartan, para o coração e hipertensão;

* Metformina, para evitar diabetes;

* Polivitaminas, para aumentar as defesas;

* Norvastatina, para a pressão;

* Desloratadina, para combater alergias.

Como eram muitos medicamentos, tinha que proteger o estômago, então ele
indicou Omeprazol e um diurético para os inchaços.

Meu tio Tonico foi à farmácia e gastou boa parte da sua aposentadoria em
várias caixas requintadas de cores sortidas.

Nessa altura, como ele não conseguia se lembrar se os comprimidos verdes
para a alergia deviam ser tomadas antes ou depois das cápsulas para o
estômago e se devia tomar as amarelas para o coração antes ou depois das
refeições, voltou ao médico. Este, muito gentil, lhe deu uma caixinha com
várias divisões, mas achou que titio estava tenso e algo contrariado.
Receitou-lhe, então, Alprazolam e Sucedal para dormir.

Naquela tarde, quando ele entrou na farmácia com as receitas, o
farmacêutico e seus funcionários fizeram uma fila dupla para ele passar
pelo meio, enquanto aplaudiam.

Meu tio, que todos diziam estar bem de saúde, foi piorando. Ele tinha
todos os remédios num armário da cozinha e quase já não saia mais de casa,
porque passava praticamente todo o dia a tomar as pílulas.

Dias depois, o laboratório fabricante de vários dos remédios que ele
usava, deu-lhe um cartão de "Cliente Preferencial", um termômetro, um
frasco estéril para análise de urina e lápis com o logotipo da farmácia.

Meu tio deu azar e pegou um resfriado. Minha tia Marocas, como de costume,
fez ele ir para a cama, mas, desta vez, além do chá com mel, chamou também
o médico.

Ele disse que não era nada, mas prescreveu Tapsin para tomar durante o dia
e Sanigrip com Efedrina para tomar à noite. Como estava com uma pequena
taquicardia, receitou Atenolol e um antibiótico, 1 g de Amoxicilina, a
cada 12 horas, durante 10 dias. Apareceram fungos e herpes, e ele receitou
Fluconol com Zovirax.

Para piorar a situação, tio Tonico começou a ler as bulas de todos os
medicamentos que tomava, e ele ficou sabendo todas as contra-indicações,
advertências, precauções, reações adversas, efeitos
colaterais e interações médicas.

Leu coisas terríveis. Não só poderia morrer, mas poderia ter também
arritmias ventriculares, sangramento anormal, náuseas, hipertensão,
insuficiência renal, paralisia, cólicas abdominais, alterações do estado
mental e um monte de coisas inconvenientes.

Com medo de morrer, chamou o médico, que disse para não se preocupar com
essas coisas, porque os laboratórios só colocavam essas coisas para se
isentar de culpa.

- Calma, seu Tonico, não fique aflito, disse o médico, enquanto prescrevia
uma nova receita com um antidepressivo Sertralina com Rivotril, 100 mg. E
como titio estava com dor nas articulações, deu Diclofenac.

Nessa altura, sempre que o meu tio recebia a aposentadoria, ia direto para
a farmácia, onde já tinha sido eleito cliente VIP.

Chegou um momento em que o dia do pobre do meu tio Tonico não tinha horas
suficientes para tomar todas as pílulas, portanto, já não dormia, apesar
das cápsulas para a insônia que haviam sido prescritas.

Ficou tão ruim que, um dia, conforme havia sido advertido nas bulas dos
remédios, morreu.

Foi um belíssimo enterro, cheio de gente!

Agora, tia Marocas diz que felizmente mandou titio para o médico bem na
hora, porque se não, com certeza, ele teria morrido antes.

Este e-mail é dedicado a todos os meus amigos, sejam eles médicos ou
pacientes.

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