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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Raízes da Urtiga: doses recomendadas em caso de hipertrofia da próstata

Conheça a acção da urtiga

Urtiga. Em caso de anemia, artrite e reumatismo, no tratamento de
eczemas e acne, contra a queda do cabelo e no retardamento da
hipertrofia da próstata. Caso para repensar as verdadeiras intenções
de quem nos manda "ir às urtigas".
Desde a Idade Média que as folhas são utilizadas na culinária
escocesa. A acção urticante das folhas desaparece após doze horas da
planta ter sido colhida, ou após fervura, pelo que as folhas jovens de
urtiga podem ser consumidas cruas em salada, em omeletas, em sopas ou
simplesmente cozidas, como os restantes legumes. As plantas foram
ainda usadas como forragem para o gado, e as fibras extraídas dos seus
eixos, à semelhança do que acontece com as fibras de linho, utilizadas
para o fabrico de roupas e cordas, nesta região.


Efeitos: desintoxicante, antianémico e diurético
As folhas contêm teores elevados de clorofila, molécula vegetal de cor
verde, cuja composição química é muito semelhante à da hemoglobina
(transportador de oxigénio no nosso sangue) e ferro. Estes
constituintes são responsáveis pelas suas propriedades desintoxicantes
e antianémicas, uma vez que estimulam a produção de glóbulos
vermelhos. São ainda ricas em outros sais minerais como o fósforo,
magnésio, cálcio e silício, e vitaminas A, C e K. Os tricomas contêm
histamina, acetilcolina e ácido fórmico, substâncias que parecem
actuar como anti-inflamatórios.

Do ponto de vista terapêutico as folhas possuem uma forte acção
diurética, anti-inflamatória e remineralizante, sendo ainda
ligeiramente hipoglicemiantes. De uma forma geral, a urtiga ajuda o
organismo a eliminar os líquidos em excesso, pelo que uma infusão (1
colher de chá de folhas secas por chávena de água quente, três a
quatro vezes ao dia) pode ser útil como tratamento auxiliar em muitas
doenças.


Artrite, reumatismo e gota: dosagens
Os preparados desta planta são particularmente benéficos no tratamento
de infecções geniturinárias e prostatites, uma vez que ao estimular as
micções, ajudam a eliminar as bactérias causadoras da infecção. A
urtiga tem a capacidade de alcalinizar o sangue, facilitando a
eliminação dos resíduos ácidos do metabolismo, sendo igualmente
importante no tratamento de casos de artrite, reumatismo e gota. Por
outro lado, como é uma boa fonte de quercetina, flavonóide que inibe a
libertação de histamina, é utilizada com eficácia na diminuição dos
sintomas associados às alergias e à febre-dos-fenos. Em todos estes
casos, poderá optar entre a toma de 50 a 100 gotas de tintura (1:10),
três vezes ao dia, ou pela ingestão de cápsulas de 250 mg de extracto
de folhas, administradas também três vezes ao dia.


Folhas: anemia e hemorragia
As folhas são ricas em proteínas (100 gramas de urtigas secas contêm
35 a 40 por cento de proteínas) e em vitaminas e sais minerais, e
constituem uma ajuda válida no caso de anemia. Com acção
vasoconstritora e hemostática, as folhas ajudam também a estancar
hemorragias nasais e a aliviar menstruações abundantes, contribuindo
ainda para diminuir os níveis de açúcar no sangue.

É igualmente recomendada nas afecções crónicas da pele, em especial no
tratamento de eczemas, erupções e acne, contra a queda do cabelo, e
para limpar e purificar a pele, normalmente sob a forma de loções ou
tónicos, cuja acção pode e deve ser complementada pela toma oral de
suplementos à base de urtiga.


Raízes: doses recomendadas em caso de hipertrofia da próstata
As raízes têm um efeito anti-inflamatório sobre o adenoma prostático,
podendo ajudar a retardar o hipertrofismo da próstata. Os seus
extractos actuam inibindo a enzima 5-alfa-reductase, envolvida na
conversão da hormona testosterona em dihidro-testosterona, substância
responsável pelo crescimento da glândula prostática nos homens com
hiperplasia begnina da próstata. Recomenda-se a toma de 250 mg de
extracto de raiz, duas vezes por dia, em combinação com 160 mg de
extracto de palmeto (Serenoa repens).


Segurança e contra-indicações
Em geral, a urtiga é considerada segura, existindo apenas o risco de
reacção alérgica. Salienta-se contudo, que pacientes com hipertensão,
cardiopatias, diabetes ou insuficiência renal, podem sofrer
descompensações, devido aos efeitos diuréticos da planta, pelo que a
toma de extractos desta planta deve ser supervisionada por técnicos de
saúde.

De onde vem a urtiga?
O nome científico da urtiga deriva do verbo latino urere, que
significa arder, numa clara alusão ao efeito dos seus pêlos
urticantes, e dioica ou "duas casas", é a designação botânica dada às
espécies que apresentam indivíduos exibindo apenas flores masculinas
ou femininas.
Urtica dioica é uma planta vivaz oriunda das regiões temperadas da
Europa, África Austral, Andes e Austrália, actualmente presente em
todo o mundo. Coloniza preferencialmente locais húmidos e sombrios, na
proximidade de campos cultivados, e chega a atingir 1,5 metros de
altura. O caule, de secção quadrada, e as folhas opostas e dentadas,
encontram-se completamente cobertos de pêlos urticantes, designados
tricomas, as suas flores são pequenas e verdes.

Antigamente era assim…
As propriedades medicinais da urtiga remontam à Grécia Antiga, onde
era utilizada para atenuar os sintomas das alergias sazonais e no
alívio das dores associadas às inflamações. As folhas, acabadas de
colher, em aplicação tópica têm um efeito rubefaciente (causa
vermelhidão da pele), e por isso, foram, em tempos, popularmente
utilizadas para fustigar suavemente a pele, sobre as articulações
afectadas pelo reumatismo. Produzindo-se, desta forma, um efeito
revulsivo que atrai o sangue para a pele e que contribui para
descongestionar os tecidos internos afectados pelo processo
inflamatório. Posteriormente, preparam-se as infusões e cataplasmas
para este efeito; actualmente recorre-se à toma de suplementos
alimentares. Foram ainda utilizadas, de forma pouco pedagógica,
contudo inesquecível, para fustigar os rabinhos das crianças, como
modo de evitar que estas se descuidassem na cama.

Texto: Pedro Lôbo do Vale*
* médico

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