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segunda-feira, 12 de março de 2012

Conheça as três fases de uma frenagem

por motonline | 06.03.2012
Não sei se há alguma pesquisa a respeito do tema ou mesmo alguma
estatística, mas posso afirmar com total segurança que um dos momentos mais
sensíveis (e perigosos) para todos os motociclistas é a hora de "alicatar"
os freios numa frenagem de emergência. Exige técnica apurada e muita
sensibilidade para isso.

Não se trata aqui de explicar todos os detalhes do momento da frenagem de
emergência e por isso não importa agora quantos dedos são usados para puxar
o manete dianteiro ou qualquer outro detalhe desse tipo. Aqui o importante é
como fazer a moto parar no momento e espaço que se apresentam na
circunstância de emergência, levando-se em consideração que trata-se de uma
técnica de pilotagem defensiva e não esportiva.

Antes de mais nada, é preciso entender uma coisa óbvia, mas que muitos não
atentam. Não é o freio que pára a moto, mas o atrito dos pneus com o
solo. Os freios param somente as rodas, mas isso não significa que a moto
irá parar também.

Nas frenagens o freio dianteiro é o mais preciso e importante. Isso é bem
simples de entender, pois se é o atrito do pneu que faz parar a moto, então
o maior atrito será sempre do pneu dianteiro, já que o peso do piloto junto
com a inércia da moto mais o peso da moto, tudo é transferido sempre para a
frente, deixando a traseira mais leve e quase sem atrito. Por isso é que a
moto sai de traseira quando se pisa forte no pedal de freio, pois o atrito é
pequeno.

Frenagem correta: atrito total na frente e atrás

Minha experiência nos cursos de pilotagem defensiva me ensinou que um dos
principais exercícios é o da frenagem. Devo confessar que sinto um arrepio
quando é solicitado ao aluno que venha lá de longe acelerando e, de repente
frear. Mas, o que significa frear de repente? Aqui entra outro detalhe
fundamental que é otempo de reação.

Considere um motociclista normal: sóbrio, descansado, feliz por ter comprado
a moto de seus sonhos. Este cidadão levará 3/4 de segundo para começar a
frear. Ou seja, seu reflexo usa 75 centésimos de segundo entre o momento que
seus olhos enxergam o obstáculo e a mão e pé direitos (duas mãos no caso de
scooter) acionam os freios. Lembre-se que um piloto treinado (piloto de
competição ou de um avião caça, por exemplo) consegue diminuir o tempo de
reação para algo próximo de 40 centésimos de segundo.

Para exemplificar:  a uma velocidade de 100 km/h, 75 centésimos de segundo
significa que a moto percorre 20,83 metros. Você certamente já ouviu
comentários sobre um acidente do tipo "nossa, … nem deu tempo de frear!". É
isso mesmo, se o obstáculo estiver a menos de 20,83 metros, a "porrada" é
forte e na maioria dos casos fatal, pois o motociclista não teve tempo de
usar os freios! Esta é a primeira das três fases da frenagem: seu reflexo e
o tempo de reação.

A segunda fase é a distância de frenagem. Será que toda moto freia igual?
Não, não, não! As motos são como pessoas, possuem personalidade, caráter.
Por isso é necessário conhecer bem a moto que se pilota para saber, entre
outras coisas, a capacidade de frenagem dela. Nos testes de frenagem que se
faz nos cursos de pilotagem defensiva é possível perceber com clareza estas
diferenças, mesmo em motos iguais, mas de proprietários diferentes.
Se a sensibilidade não atuar, poderá causar este efeito, o chamado "nose
wheeling"

Veja o exemplo de uma moto de 1000 cm³, que pesa entre 170 e 185 kg  mais o
piloto, equipada com freios ABS, suspensão e pneus perfeitos e bem
calibrados, que aciona os freios em pista reta com asfalto bom e seco. No
momento em que se usam os dois freios – mais forte na dosagem no freio
dianteiro e menos força na dosagem no freio traseiro -, esta moto percorrerá
28 metros até parar! Aí eu pergunto: Sua moto possui freios ABS? As
suspensões estão em perfeitas condições? E os pneus estão bons e calibrados
corretamente?

Numa moto em situação normal, sem ABS, a sensibilidade do piloto na mão e no
pé substituirá o ABS e tentará compensar as más condições de piso e as
eventuais imperfeições dos pneus ou da calibragem. Assim, nas frenagens
emergenciais, jamais se deve usar a força no freio dianteiro de modo
agressivo e repentino. O ideal é dosar a força dos dedos no manete dianteiro
de uma forma progressiva e paulatina até chegar o curso total do manete.

Claro, a teoria é linda. A maioria dos motociclistas ao fazerem este teste
comentam que "dá um medão danado pois parece que a moto vai jogar você de
boca no chão ou vai escorregar de frente…".

É verdade. Esse relato é correto e isso pode realmente acontecer se a força
for demasiada e repentina. Muitas quedas acontecem nas frenagens porque se
usa a força dos dedos sem soltar mais o manete. Lembrem-se das
palavras progressiva e paulatina. Sua sensibilidade deve perceber que a moto
vai escorregar de frente e mandar seus dedos aliviarem a força no manete. A
mesma técnica deve ser usada para o uso do freio traseiro. Porém, lembre-se
de não acionar a embreagem, pois nas frenagens emergenciais a roda traseira
precisa ter tração para que ela não fique solta pois essa situação facilita
a derrapagem da roda traseira.

E alguém pode perguntar: e se o motor da moto morrer? Melhor, pois o motor
sem aceleração funciona como freio nestas situações. Alguém não sabe o
significado da expressão "freio-Motor"? Muito bem, aí está a segunda fase,
a distância de frenagem.

Treinar é a melhor forma de ajustar a técnica e garantir a segurança nas
frenagens

E agora? Qual é a terceira fase para parar a moto? Vamos recapitular a
história: trata-se de uma boa moto de passeio (não de competição), em piso
reto, asfaltado e seco, o piloto está sóbrio, feliz, descansado e atento.

Resultado: a 100 km/h, antes de frear, a moto percorre 20,83 metros –tempo
de reação. No momento da frenagem a moto percorreu 28 metros – distância de
frenagem. A soma do tempo de reação mais a distância de frenagem da moto
resulta em 48,83 metros. Caramba! Mais de 48 metros de espaço para parar a
moto em condições ideais!

Aí eu chego e pergunto: E se o chão estiver molhado? E se o piloto está
cansado? E se a moto for "normal"? Aonde isso vai parar?

A terceira fase da frenagem é chamada de distância de parada. Ou seja, a
soma do tempo de reação mais a distância de frenagem da moto. Por isso, usar
a sensibilidade para dosar a força na mão e pé direitos (duas mãos nos
scooters) fará com que a frenagem emergencial seja feita com mais segurança
e "não dará tanto medo assim". A distância de parada da moto será menor e
mais eficaz.

Moto é união e vida. Por isso, usem-na com amor. Faça da moto sua melhor
amiga. Procure conhecê-la muito bem e respeite seus limites. Até a próxima!

Obs: Para facilitar a discussão sobre esse assunto criamos um espaço no
final da página e no fórum para você inserir seus comentários.

Fonte: Texto e fotos: Carlos Amaral - Instrutor de pilotagem defensiva
certificado pela Honda, instrutor de trânsito do Detran-SP na especialidade
Direção Defensiva, palestrante da Porto Seguro Cia de Seguros Gerais,
blogueiro e diretor operacional da Carlos Amaral Motorcycle Training.

Fonte:http://www.motonline.com.br/conheca-as-tres-fases-de-uma-frenagem/

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