Other stuff ->

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

O malfadado START/STOP

Uma das piores criações da indústria automotiva é o famigerado botão START/STOP que desliga o carro no semáforo.

Ninguém gosta do sistema, é irritante e dá impressão que o carro morreu no semáforo, e hoje ainda por cima, me dei conta de um dos piores fatos dessa geringonça pela lerdeza dos carros no sinal (semáforo).

Numa cidade grande (e essa porcaria foi feita para cidades grandes, no intuito de economizar combustível e realizar menos emissões), com 5 carros na sua frente parados no semáforo, se cada um demora uns 4 segundos para arrancar, são mais 20 segundos de inatividade. Multiplique isso por uma fila de 20 carros: 100 segundos, mais de um minuto. Isso só vai piorando o trânsito já emperrado.

E o pior da maioria desses START/STOP é que eles vêm ativados toda vez que se liga o carro. Assim, a gente tem que lembrar de desativá-los sempre.

Sem falar que economiza quanto de combustível? Duvido que o que você economiza de combustível dê para comprar uma bateria especial para esse sistema que custa mais que o dobro das comuns.

Algumas invenções são feitas por engenheiros dentro da fábrica - quando saem para a rua, se vê que muitas porcarias são plenamente dispensáveis...

Sou da campanha pela extinção dessa droga!

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Blade Runner (1982) - Like tears in rain...





Vi de novo Blade Runner, o original de 1982, e que fantástico é esse filme.

A trama psicológica é a que importa, o peso psicológico que os Replicantes, andróides que têm a duração máxima de 4 anos para não desenvolverem sentimentos humanos, carregam é uma constante no filme.

Eles não compreendem o porquê do fato que suas vidas têm duração finita, e que apesar de serem mais fortes e mais rápidos, convivem com esse dilema.

O filme é belíssimo, a chuva o tempo todo incomoda e faz um clima mais noir ainda, e ainda por cima, sempre de noite.

E Deckard (Harrison Ford) o caçador dos Replicantes que estão ficando revoltosos por estarem sentimentais também, se apaixona por uma Replicante (Sean Young) e deixa de caçá-la para fugir com ela.


E ainda tem a trilha sonora do Vangelis, que foi feita para se escutar no último volume com aqueles bumbos ressoando em cada compasso, mantendo o clima de vanguarda e ao mesmo tempo noir.

E no fim, o Replicante mais inteligente, Roy (Rutger Hauer - que morreu na vida real no mesmo ano que morreu seu personagem Replicante, 2019), pronuncia essa frase famosa, que diz que "todos esses momentos serão perdidos no tempo... como lágrimas na chuva." 



Poético pra caramba: mostra a consciência da morte e sua efemeridade de sua existência (pensamento que tentamos evitar a todo custo), bem como o sentimento humano que tinham os Replicantes... 

Uma curiosidade: o filme foi baseado no livro "Do androids dream of electric sheep?" (Androides sonham com ovelha elétrica?) e o nome Blade Runner vem de outro livro de um vendedor de navalhas, mas que era cool demais para desperdiçar...

"You will be required to do wrong no matter where you go. It is the basic condition of life, to be required to violate your own identity. Philip K. Dick, Do Androids Dream of Electric Sheep?"

QUE FILMAÇO!




Pão do Reco

Minha avó de pai tinha uma mania que eu adorava: na cristaleira da copa, tinha uma gaveta separada que sempre tinha pão.

O pão ficava solto dentro da gaveta, sempre forrada com o papel do saco de pão e era tão reconfortante chegar na casa da vovó e abrindo a gaveta, sempre ver que tinha pão novinho e do dia.

E minha avó sempre abastecia a gaveta umas três vezes por dia, indo na padaria de manhã, depois do almoço e de tardinha. Era o meu confort food.

E eu uma vez abr a gaveta e tinha um pão diferente, meio doce, meio rosca: eu estava sendo apresentado ao pão sovado, que minha avó comprava para jogar para o Reco, o cachorro dela, que ficava lá fora no terreiro.

E uma vez eu falei: - Ô vó, pão caro e gostoso demais pra jogar pra cachorro... 

Ela passou a comprar mais pão sovado, e sempre que eu chegava na casa dela de tardinha, minha vó falava:

- Paulinho, tem pão do Reco...

E eu adorava isso! Que falta fazem os avós, né?

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Causos de Jaqueira - Dia que o mundo ia acabar

  Tinha um cabra lá em Caruaru que cresceu ouvindo de seus pais que o mundo ia acabar no ano 2000.

E ele morria de medo.

Alguém tinha dito prá ele que de 1000 passou e de 2000 não passará, e aquelas estórias todas cada vez mais o deixavam mais azoado.

E era um curau que tinha até alguma terrinha, tinha até uns cabritinhos e até um cavalinho.

E ele aterrorizava sua própria família com o tal de fim do mundo.

E foi chegando o final do ano de 1999.

Chegou dezembro, ele parou de trabalhar, começou a vender tudo e logo na passagem do ano se embebedou tanto com os amigos já se preparando para morrer, e voltou para onde tinha deixado sua mulher e os filhos – na casa de sua sogra e os matou todos com uma extrovenga.

E troncho de bêbado, achando que tinha evitado de sua família sofrer com o fim do mundo, saiu cambaleando, até que caiu rolando numa ribanceira e morreu...

Realmente o mundo acabou no início do ano 2000 para ele e sua família...

E tombém escutei causos de gente que num é doida ter bebido prá num ver o mundo acabar...

Tem inté umas minina que quase morreram de medo...

Causos de Jaqueira - Véia do Catimbó

 Diz que lá no Alto da Boa Vista tem uma véia catimbozeira.

Ninguém viu, ninguém sabe onde é, mas que existe, existe.

E a véia só atendia à noite.

E lá foi uma menina que queria arrumar namorado.

E a menina teve de subir a escadaria toda de Jaqueira de noitão, depois da hora dos morto vivo, lá prá meia noite, prá mode de ir consultar com a Catimbozeira.

E a véia tava que batia seu catimbó, o tambor gritava que assustava todo mundo, e a menina entrou lá morrendo de medo.

E tava uma fumaceira dentro da casa da véia, a véia só de olhar dava medo, e a menina foi se chegando.

Sentou num pedaço de toco que a véia mostrou prá ela e ficou esperando, morrendo de medo, já até aperreada com a idéia de ter inventado de ir naquele lugar de doido àquela hora da noite.

E a véia dançava, gritava, a menina cada vez mais apertada, e quando a véia apareceu com uma galinha e cortou o pescoço da galinha, foi o suficiente prá menina levantar e sair correndo.

Nunca mais quis saber dessa estória de Catimbó.

E nunca contou prá ninguém onde era.

Por ninguém sabe onde é, até hoje...

Translate it!