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terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Então o ano acabou... Dezembrite pura...

Praticamente o último dia do ano, esse período dá uma dezembrite danada. Coisas que não foram, coisas que não tinham que ser e que foram.

Mais um ano acaba, nessa jornada inexorável que é a vida, mais um ano de perdas e ganhos, de poucas vitórias e muitas derrotas.

Fico bem triste essa época do ano, me dá um saudosismo de outras épocas, e sempre me dá uma sensação de desmoronamento.

Tempo que éramos crianças, de inocência, de vida leve e divertida, com família completa, com companhias. Isso tudo vai diminuindo...

Pessoas vêem e vão, e deixam buracos onde alocamos espaço em nossos corações para elas. Deixam um vazio. E nosso coração vai indo assim, pela vida, ganhando cada vez mais furos.

Talvez, quando não reste mais nada para esburacar em nossos corações, seja a hora de partirmos desse mundo...

É inevitável: a gente acaba por fazer um balanço do que passou e que a gente queria que tivesse feito - e vemos que cronogramas são sempre feitos para serem furados...

Projetos que não saem do imaginário...

E dá uma agonia premente de fim de ciclo, de fim de ano - isso que é a dezembrite

E ainda tem a obrigação das festas de fim de ano, como se fosse legal festejar todas as merdas que aconteceram no ano que passou.

Não sei porque a gente acaba por lembrar dos fracassos e tropeços do ano. Acho que eles nos afetam muito mais do que as coisas boas que passaram. Marcam mais.

Machucam mais.

Mas a vida é assim, uma sucessão de atropelos e desavenças e poucos sucessos, entre dois papéis: a certidão de nascimento e de óbito.

E como dizia um colega meu, a gente vai até onde o curréi güentá...



quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Terima kasih kepada Singapura!

Saya ingin mengucapkan terima kasih kepada para pembaca saya di Singapura! Saya tidak tahu mengapa blog ini begitu popular di sana, tetapi saya rasa ia sangat menarik! Semoga panjang umur untuk anda semua, dan teruskan melayari blog ini! Pelukan erat!

Brasil Profundo

O Sol já ia a pino. Chegamos nessa casa da foto (que tirei lá in situ) lá pelas 10 da manhã, e fomos abordados por uma chusma de crianças ranhentas, espalhadas pelo quintal, parecia uma dúzia, pululavam por todos os cantos, vociferando impropérios uns com os outros que nem eu tenho tanta imaginação de ilustrar os adjetivos e substantivos chulos com que se chamavam. E nem tinham idade ainda para compreender o que significavam.

Um rapazinho um pouquinho maior, mais alimentado e corado, chegou puxando um caminhãozinho amarelo de plástico por um barbante cheio de emendas e soltou de chofre: 

- Cês são do Conselho Tutelar?

Era um vizinho mirim, no alto de seus prováveis 10 anos, provavelmente ávido por uma confusão, que saudou nossa equipe, talvez esperando alguma algaravia ou repressão. 

Nada havendo, retirou-se, puxando o seu caminhãozinho amarelo de rodinhas emperradas que ele mesmo me disse que nunca puxaria pequi.

Chamada a matriarca, ela revelou ser mãe solteira, mas não daquela miríade de crianças que trançavam por entre nossas pernas, comendo com as mãos imundas em pratos esmaltados um macarrão esmaecido, pálido e grudento, mas sim mãe de duas maiores, que de má vontade respondiam mal qualquer pergunta feita pela solteira-mãe-de-mães-solteiras-matriarca que tentava dar conta de toda aquela barafunda de gente pequena, indômita e incontrolável.

Os moleques desgrenhados brigavam entre si e contra os cachorros esquálidos, que sem razão lógica, os orbitavam abanando suas caudas em busca de aprovação ou de um pouco do macarrão. 

Um pequeno até deu uma paulada de graça com um cabo de vassoura à guisa de brinquedo na cabeça do cãozinho, que saiu ganindo de dor. Do nada. Sem razão. Por pura torpeza.

A matriarca solteira-mãe-de-mães-solteiras, era a mãe das duas respondonas, essas sim, mães daquele punhado de crianças desgrenhadas, desorganizadas, deseducadas e famélicas.

Não tinham horta, não comiam bem, o solo do terreno, morto por fogueiras itinerantes e maus tratos, se apresentava negro, contaminado com carvão, que sufocava até mesmo o pequizeiro gigante, que segundo a matriarca, insistia em não dar frutos. 
A terra tinha se exaurido.

Me espantei com a quantidade de crianças e a sempre ausência de pais - os homens, irresponsáveis, povoam o mundo com seus filhos e sumindo, delegam a criação para as mulheres. Sexo é bom, responsabilidade não...

Brasil profundo...

Sempre as mulheres - as fortalezas, as rochas que sustentam as famílias, constantemente elas se fazem como as Pelicanas, que nada tendo para alimentar seus filhotes acabam por bicar seus peitos para que o sangue os alimente.

E vendo aquela terra arrasada, aquela miríade de rebentos, me lembrei quando estagiei, em Enfermagem, em uma cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, quando fiz 3 prés-natais de uma menina de 12 anos e no dia do quarto pré-natal ela apareceu com a barriga vazia e me explicou:

- Meu namorado não queria e me chutou até o nenê sair. 

Horrorizado, lembrei que ela já devia andar pelo quarto mês de gestação e fiquei imaginando a cena do aborto, eivada de sangue e violência, bem como o provável tamanho do feto. Que horror! Sexo é bom, já a responsabilidade...

Brasil profundo...

Lembrei também, no interior de Pernambuco, durante meu curso de Psicologia, quando visitei uma casa e uma menina de 12 anos também chegou com uma criança pequena sentada em seu quadril do lado esquerdo (como fazia a Lady Di) e do lado direito no chão estava outro rapazinho remelento, agarrado à camiseta cheia de furos da menina maior. Pedi que chamasse a dona da casa, a mãe de todos. Ela me respondeu:

- Eu sou a dona da casa. Tenho 12 anos e esse filho no chão tem 2 e esse no meu colo tem um. O que vocês querem? - horrorizados, a gente nem sabia o que dizer, nem como continuar a abordagem.

Brasil profundo...

Brasil de terras arrasadas por maus cultivos, de regiões inóspitas e ignotas, de barbáries que se fazem como se fossem da idade média, de cenas de terror e alienação, pobreza e sujeira. De infâncias e adolescências perdidas, de violência contra mulheres, contra pais, contra crianças...

E assim, viajando e conhecendo o Brasil vejo que vossas vãs filosofias, encasteladas em apartamentos urbanos com água corrente, energia, internet e Netflix, alimentadas por videozinhos em iPhones de último modelo, nada sabem, nada conhecem. Somos néscios.

E são Quilombolas, Indígenas, Povos Tradicionais, Assentados, toda gama desses vulneráveis que precisam de nossas ajudas, de conhecimento, de mudança de vidas, e que anseiam com as mãos estendidas, por algum alento.

Desconhecemos até onde vai a pobreza e falta de informação do Brasil profundo...

E isso me abala.

Sempre.

Brasil profundo...

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

E o alemão falou na COP30...

Muito repercutiu na mídia a fala do chanceler alemão Friedrich Merz que disse que os alemães ficariam felizes de ir embora da FLOP30.
Os alemães, com sua organização impecável, suas cidades limpas e educadas, deve ter se sentido em um caos em Belém.
O problema não é o fato da cidade estar com a infra estrutura deficiente: o problema é a cara de pau dos governantes a manterem assim.
O caminho do aereporto para a cidade não é dos mais bonitos, as palafitas não são uma visão agradável, e a vergonha dos preços super inflacionados das habitações risíveis foi uma lástima.
E as comidas também mostraram um oportunismo das pessoas que inflaram os preços buscando ludibriar os gringos.
E isso incomodou os estrangeiros: e parece que só os alemães tiveram coragem de dizer.
E não venham falar que são nazistas (fala lastimável de um político brasileiro) porque não são todos os alemães que são nazistas, isso é um passado que já foi, uma mancha que lutam para se esquecer.
São um povo ordeiro e muito correto.
Não podemos falar que todos os brasileiros são malandros, sambistas e jogadores de futebol. Da mesma maneira, a ligação com nazistas é um ataque de baixo calão.
Questionar a fala do chanceler, que em visita à nosso país o ofendeu não é o fato da questão, e sim, o porquê da fala.
Os europeus falam as coisas na lata, não escondem o que vêem, não usam meias palavras. Para eles se a realidade é aquela, falam dela de maneira clara.
O que urge é que os políticos parem de roubar e invistam em infraestrutura e levem o dinhero onde ele é necessário.

E não em subornos e propinas.

ps: e a COP30 flopou sim, porque os países que mais poluem para se manter por cima da carne seca da economia, não aceitaram assinar o acordo ambiental. Porque para eles significaria frear seus progressos...

O Flerte

Esquecemos como flertar?
Aquele olhar de banda, aquela risadinha com o canto da boca, não existe mais?
As mulheres reclamam que os homens não chegam. Os homens reclamam que as mulheres estão cheias de dedos.
E vão assim, sem se entenderem, grudados nas suas telinhas atrás de emoticons.
Mas o corpo anseia pelo contato, aquela esbarrada no braço, aquela risadinha conjunta, a química rolando, o flerte avançando.
E todos acabaram ficando com medo de serem acusados de assédio, de incômodo: existe uma diferença entre o assédio e o flerte, a gentileza de se mostrar gostando de alguém. 
Se tudo virar assédio, o que vai ser da raça humana?
Nossos corpos precisam de contato, de abraço, somos seres gregários que gostam de estar com outros seres que nos agradam.
E a pandemia ainda ajudou a deixar seres sem contato a se relacionarem com telinhas, diminuindo suas exposições à outras pessoas, a outros ambientes.
Já vi grupos de jovens juntos em mesas de bares ou de shoppings, todos com seus celulares em punho, absortos em seus mundos individuais.
Para que então estão ali?
Vamos resgatar o jogo do flerte, dos galanteios e das brincadeiras.

A vida é bela, a gente é que complica ela.

domingo, 16 de novembro de 2025

Solidão - O homem que não faz nada

Recebi, achei bonito e reposto. Não sei a fonte.
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Solidão, um sentimento inconveniente que assola a humanidade!

O homem que "não faz nada"

Shoji Morimoto tinha mestrado em Física, morava em Tóquio e era, como ele mesmo dizia, um cara comum: quieto, sem grandes talentos.

Até que um dia, cansado de empregos que não o preenchiam, publicou um tweet que mudaria tudo:

"Alugo-me para não fazer nada.
Posso te acompanhar, te ouvir, estar ao seu lado.
Não cozinho, não limpo, não dou conselhos.
Só existo com você.
Preço: transporte e refeição."

Ele fez isso por brincadeira.

Mas, no dia seguinte, havia mais de 500 mensagens na sua caixa de entrada.

Uma mulher pediu que ele fosse com ela assinar os papéis do divórcio — ela não queria enfrentar aquilo sozinha.

Um jovem recém-saído do hospital pediu que ele o acompanhasse até em casa, em silêncio.

Uma senhora idosa o convidou para almoçar — só para não mastigar sozinha.

Um jornalista perguntou:

— E o que você faz exatamente?

Shoji respondeu:

— Nada. Eu só estou lá. Mas, às vezes, estar… é tudo.

Ele já foi contratado para assistir a um pôr do sol.
Para segurar um guarda-chuva.
Para ouvir alguém chorar por uma hora sem julgar.

Certa vez, uma jovem disse:

— Só quero que alguém me veja subir ao palco. Minha família não quis vir.

Shoji foi. Aplaudiu. E foi embora, sem pedir nada em troca.

Ele não dá conselhos. Não tenta transformar vidas.
Apenas se torna uma testemunha silenciosa das pequenas batalhas que ninguém vê.

Hoje, ele já atendeu mais de 4.000 clientes e escreveu livros sobre sua experiência.

Chamam-no de "o homem que não faz nada".
Mas, na verdade, Shoji faz o que muitos não sabem fazer: estar presente.

Quando perguntaram se ele se sentia solitário, respondeu:

"Não. Eu também precisava de companhia.
Mas sem máscaras. Sem expectativas.
Apenas dois seres humanos compartilhando o mesmo tempo,
sem tentar mudar um ao outro."

Às vezes, o que mais cura…
é o mais simples:

Alguém que não vem para te salvar.
Mas para se sentar ao seu lado enquanto você atravessa a tempestade.

sábado, 15 de novembro de 2025

Dia da Umbanda


Hoje é dia da Umbanda! Vida longa aos que trabalham pelo bem dos outros!

A Umbanda é uma religião inserida na religiosidade cultural brasileira
e se pode afirmar que ela foi criada em 15 de novembro de 1908 pelo Médium Zélio Fernandino de Moraes, sob a influência do Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Anteriormente já se fazia o trabalho de guias (pretos velhos, caboclos, crianças, exus, etc) simples manifestações religiosas espontâneas cujos rituais envolviam incorporações e o louvor aos
orixás. Porém, foi através de Zélio que se organizou uma religião com
rituais e contornos bem definidos à qual deu-se o nome de Umbanda.

Nesta época, não havia liberdade religiosa e todas as religiões que
mostravam semelhanças com rituais afros eram perseguidas, os terreiros
destruídos e os praticantes presos.

Em 1945, José Álvares Pessoa, dirigente de uma das sete casas de
Umbanda fundadas inicialmente pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas,
obteve junto ao Congresso Nacional a legalização da prática da
Umbanda.

A partir dai, muitas tendas cujos rituais não seguiam o recomendado
pelo fundador passaram a se dizer umbandistas, de forma a fugir da
perseguição policial. Foi nesse momento que a religião começou a
perder seus contornos bem definidos e a misturar-se com outros tipos
de manifestações religiosas, de tal forma que hoje a Umbanda genuína é praticada em pouquíssimas casas.

A Umbanda é estruturada, moralmente, em 3 princípios: fraternidade,
caridade e respeito ao próximo.

Admite um deus gerador chamado (Zambi), que é o criador de tudo e
todos. Os "umbandistas" ou "filhos de fé" cultuam divindades
denominadas Orixás e reverenciam espíritos chamados Guias.

Os guias fornecem a orientação espiritual - os guias são espíritos de
uma determinada linha de trabalho que, por sua vez, está ligada
diretamente a um determidado Orixá, que representa um determinado
arquétipo, ou característica de Deus.

Os guias têm a sabedoria e a consciência da natureza humana, podendo aconselhar para que a humanidade possa evoluir e desenvolver-se para
melhor viver.

Os guias se manifestam através dos médiuns, e a incorporação - ato
pelo qual um médium, inconsciente, consciente ou semi-consciente,
permite que espíritos falem ou ajam através de seu corpo físico e
mental.

Os guias manifestam diversos arquétipos pelos quais se apresentam através da incorporação.

Cada arquétipo está ligado a uma determinada Linha Espiritual. Como
exemplos dos arquétipos podemos citar:

Pretos-velhos;
Caboclos;
Baianos;
Boiadeiros;
Crianças;
Exus e Pomba-giras, entre outros.

Os arquétipos são roupagens utilizadas pelos guias para se
apresentarem nos terreiros e não espíritos que, necessariamente,
tenham sido escravos, índios ou crianças, embora existam aqueles que realmente o foram.

Cada terreiro têm a sua forma de interpretar e ritualizar a Religião
de Umbanda. Diversos ritos são utilizados em templos ou terreiros
diferentes, alguns utilizando atabaques, outros não, alguns manifestam a Umbanda popular, de caráter mais de atendimentos, outrso preferem a
Umbanda Esotérica (a mais complicada e menos manifestada).

Quase sempre as giras iniciam-se com a defumação para a limpeza das energias deletérias mundanas através de ervas queimadas sobre um braseiro, e após a limpeza iniciam-se os pontos cantados de cada entidade e finalmente a incorporação.

As giras variam e podem ser evocadas para o atendimento da assistência, ou para desenvolvimento dos médiums, para limpeza do ambiente ou outras finalidades.

Nas giras de atendimento os guias, manifestando-se através dos
médiuns, atendem à audiência provendo conselhos ou passes destinados a limpeza do campo energético das pessoas (aura).

Nas giras desenvolvimento, os médiuns são desenvolvidos pelos chefes das casas, firmando seus guias para auxiliar os médiuns a incorporá-los sem auxílio de outros médiuns, através de treinamento e
de diversos rituais como amacis, boris, etc., que são rituais para fixação das vibrações dos guias aos médiuns.

É uma religião do bem e do amor. Nada de feitiçaria para prejudicar alguém. Só caridade e amor.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Safári humano na Bósnia

Fiquei sabendo ontem de mais uma maldade humana. Estive na Bósnia em 2014,e ela ainda estava se recuperando da Guerra das Balcãs, ocorrida de 1990 a 1995. Na Bósnia a Guerra foi pior de 1992 a 1996, depois que a Bósnia, seguindo a Croácia, declarou a independência da antiga Yugoslávia, e o exército yugoslavo (na sua maioria sérvio, vindo da capital Belgrado), interveio, tentando manter as repúblicas unidas..

Toda guerra é triste, com desvios de caráter dos dois lados, mas o que tomei conhecimento, beira filme de ficção.

Organizavam-se Safáris Humanos, que davam a oportunidade de ricaços de pagarem ao Exército e Milícias Sérvios o direito de ser sniper (atirador de precisão) por um fim de semana nas colinas de Sarajevo, a capital da Bósnia.

A excursão começava na sexta feira e acabava no domingo. O preço variava conforme o lugar e os civis abatidos. E depois o cidadão voltava para sua vida normal.

Estive lá, a cidade é linda, cercada de colinas - daí os snipers operavam, atirando em civis(!) em uma Avenida principal, a Zmaja od Bosne (Dragão da Bósnia), que acabaram chamado de Avenida dos Snipers. 

Vi diversas placas avisando: "Pazi  Snajper" (Perigo, Sniper) nessa avenida que liga o Centro Histórico ao Aeroporto. E as pessoas precisavam circular nela para viver na cidade sitiada pelo exército sérvio.


A justiça italiana está investigando esses safáris, que supostamente partiam de Triste, na Itália, passavam por Belgrado e se dirigiam às colinas de Sarajevo. 

Uma vergonha para quem vendeu os "pacotes" e para quem comprou! Que queimem no inferno!

Triste ato diabólico dos humanos que assim o fizeram. Triste! Fiquei muito chateado com essa notícia, ainda mais porque estive lá e envolve etnias ligadas à minha.

Eu chorei. Chorei de verdade.

"Não havia motivação política ou religiosa. Eles eram pessoas ricas que foram até lá por diversão e satisfação pessoal. Estamos nos referindo a pessoas que amam armas com habilidade em atirar a distância ou em safáris na África."
Ezio Gavazzeni, autor da denúncia, em entrevista ao jornal britânico The Guardian






quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Complexo de Édipo

O Complexo de Édipo é o conceito central da psicanálise que descreve a organização dos desejos e das identificações infantis em relação aos pais. Embora Freud o tenha formulado, Lacan o reinterpretou radicalmente, passando de um drama psicológico-afetivo para uma estrutura linguística-simbólica.

Aqui está um esclarecimento do Complexo de Édipo segundo Freud e Lacan:

Freud via o Édipo como um drama psicossexual que ocorre na fase fálica (entre 3 e 5 anos) e é o núcleo de todas as neuroses. Eleborou que o desejo da criança pelo genitor do sexo oposto (objeto de amor) motiva a rivalidade com o genitor do mesmo sexo (rival). É baseado no mito de Édipo Rei, que mata o pai e casa-se com a mãe. 

No caso do menino, ele tem o desejo pela mãe e o pai é visto como rival. O medo de ser punido pelo pai com a castração (perda do pênis) o leva a reprimir o desejo pela mãe e a se identificar com o pai., formando o SuperEgo, base da censura e do comportamento social (instância moral). Na menina esse complexo é considerado mais complexo. 

A menina transfere o objeto de amor da mãe para o pai ao notar a ausência do pênis (o complexo de castração). O desejo de ter um bebê do pai (como substituto do pênis) a leva a aceitar a feminilidade.

Para Freud, o Complexo de Édipo tem o caráter fundamentalmente biológico (diferença anatômica dos sexos) e afetivo (amor/ódio direcionado a pessoas reais).

Já segundo Jacques Lacan, psicanalista francês, o Complexo de Édipo tem nuances de simbolismo da linguagem e papéis culturais e não é essencialmente biológico/aeftivo.

Lacan "retornou a Freud" submetendo o Édipo a uma leitura estrutural e linguística. 

Para ele, o Complexo não é primariamente sobre pais e mães reais, mas sobre a estrutura simbólica da linguagem e a Lei, subtituindo o medo da castração freudiana (perda do órgão) pelo conceito de Nome-do-Pai e a Função Paterna.

O conceito de Nome-do-Pai, não é sobre o pai biológico, mas sobre a função simbólica que introduz a Lei (a proibição do incesto) na psique da criança. 

É a metáfora paterna que substitui o desejo da mãe pelo falo (o falo aqui é o significante do desejo materno). A lei introjetada spbre o Nome-do-Pai interdita a relação dual e fusional entre Mãe e Criança, impondo o mundo da cultura, da linguagem (o Simbolismo) e das relações sociais.

Nesse mecanismo da construção do Nome-do-Pai, Lacan define 3 tempos do Complexo de Édipo, momentos lógicos que são essenciais para a constituição do sujeito:

No 1º Tempo, a criança é o Falo (imaginário) da Mãe. Ela deseja ser tudo o que satisfaz o desejo da Mãe (a Mãe também deseja o Falo).

A criança se identifica com o objeto do desejo materno e permanece alienada no Imaginário (a dualidade Mãe-Criança). 

Note aqui o Falo não como o órgão físico, mas como estruturante do poder do pai em satisfazer o desejo materno. 

No 2º Tempo, aparece a intervenção do Pai Imaginário: o Pai aparece como aquele que possui o Falo e é capaz de privar a Mãe de seu objeto (a criança). 

Então a criança descobre que a Mãe deseja algo fora dela (o Falo, encarnado no Pai). Isso faz com que ela, a criança, começa a se afastar da Mãe para buscar o objeto desejado. 

Isso leva ao 3º Tempo, onde a Intervenção do Nome-do-Pai (simbólico) aparece, como o Pai que impõe a Lei (a castração simbólica), proibindo a Mãe de ter o Falo e a criança de ser o Falo.

A criança aceita a Lei da Castração e se inscreve no Simbólico (a ordem da linguagem e da cultura), o que define sua posição de gênero e orienta seu desejo.

Comparando Freud e Lacan, Freud vê a natureza do Complexo de Édipo como sendo psicológica, libidinal e baseada na anatomia (Pênis). Já Lacan vê como linguística e simbólica (Falo). 

O agente do Complexo para Freud é o Pai biológico real e o medo dele castrar a criança para evitar que ela satisfaça a mãe, e Lacan vê a criação do Nome-do-Pai como a proibição de satisfazer o desejo da mãe pela criança (função simbólica que estrutura o inconsciente como linguagem).

O resultado é a formação da personalidade (a definição das regras que serão incorporadas ao SuperEgo) e a escolha do objeto de desejo posterior, para Freud.

Lacan acha que o resultado é a constituição do sujeito na linguagem e no social, definindo a posição subjetiva perante o desejo e a Lei.

Em suma, Lacan desbiologiza o Édipo, transformando-o de um evento familiar em uma estrutura universal que inscreve o ser humano na ordem da linguagem e da cultura.

Uma observação para os pais jovens é que a criança maquina a todo tempo evitar que o mãe tenha contato com o pai, seja se intrometendo no meio dos dois em um abraço ou dormindo entre os dois, seja sabotando relações do pai e da mãe. 

Vi isso acontecer bastante com crianças pequenas e cabe aos pais definirem limites bem claros para que a criança constitua o seu SuperEgo, de acordo com Freud, ou que entenda as proibições sociais e seu papel na cultura, de acordo com Lacan. 

Se deixar solto, elas tomam conta, comportamente esse que refletirá na vida adulta com diversos problemas e recalques difíceis de se resolver.

terça-feira, 11 de novembro de 2025

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