"O Caso William Morgan"
Movimentos anti maçônicos sempre existiram desde os primórdios da
Maçonaria, mesmo durante o período da Maçonaria Operativa.
Um dos maiores, ocorreu nos Estados Unidos, entre os anos de 1826 e
1840. O "Caso Morgan", a ser descrito ao longo deste trabalho, foi o
estopim de um sentimento anti maçônico, muito amplo e que estava em
estado latente por muitos anos, provocado em parte por livros anti
maçônicos vindos da Europa, (ver Pílula Maçônica nº 99 sobre Leo
Taxil) denunciando a Sociedade Maçônica, e em grande parte pelos
"dogmas" praticados por certas Seitas Protestantes.
Em 1820, nos Estados Unidos, havia aproximadamente 400 Oficinas e em
torno de 12.000 membros e estava crescendo. Como resultado desse
movimento, iniciado pelo "Caso Morgan", a questão sacode a opinião
pública e quase destruiu a Instituição. Em 1830 o número de membros
caiu para aproximadamente 2.000.
William Morgan, indivíduo de mau caráter, aventureiro, endividado,
jornalista de Batávia, New York, decidiu refazer-se economicamente
lançando um pequeno livro anti maçônico, publicado em 1826 com o
título "A Maçonaria Apresentada e Explicada" com a intenção de
desmascarar a Instituição e ganhar muito dinheiro com a venda do
livro.
Torna-se logo um best-seller.
Aparentemente, William Morgan deve ter frequentado Lojas maçônicas,
onde adquiriu conhecimento para a redação de seu livro. Entretanto,
não foi encontrado seu nome em nenhum registro de Loja. É possível que
tenha sido auxiliado por outra pessoa.
O movimento anti maçônico cresceu exponencialmente quando Willian
Morgan desapareceu da cidade. Inquéritos foram realizados sem sucesso.
Jamais se soube o que aconteceu. Porém, começou a correr a notícia que
William Morgan havia sido sequestrado pelos Maçons, levado até as
Cataratas do Niágara e depois de ter sido assassinado na fronteira
canadense, seu corpo teria sido jogado nelas.
Morgan desapareceu em setembro de 1826 e no mês seguinte, o Reverendo
David C. Bernard, pastor da Igreja Batista em N.Y., acompanhado de um
membro que havia renunciado da Loja Maçônica, começou uma carreira de
40 anos devotada largamente para a desmoralização da Ordem.
Diversos encontros e convenções foram liderados por ele e, ao mesmo
tempo, publicou um livro chamado "Luz na Maçonaria" totalmente anti
maçonaria. Todos os maçons foram excomungados e não podiam ser
candidatos em cargos públicos.
Obviamente, assunto naturalmente atrativo para leitores e escritores
românticos e sensacionalistas, produziu uma circulação avantajada de
livros anti maçônicos.
Até um Partido Político anti maçônico foi fundado em New York e a
excitação invadiu, gradualmente, os outros estados. A maçonaria é
condenada pela Igreja Batista. Os Maçons são, sistematicamente,
recusados quando da formação de Juri Criminal e os pastores lhes negam
a comunhão. A dissidência na Maçonaria foi enorme.
Intrometendo-se a inevitável política, viram-se candidatos se
apresentarem às eleições alegando seu anti maçonismo.
A Maçonaria levou anos para se reerguer. Quando da Guerra da Secessão,
a Ordem se manteve, numa certa medida, fora do conflito, e exemplos
não faltaram de atos de generosidade para com os feridos e os
prisioneiros, entre Maçons. Estabelecida a paz, para muitos a
reconciliação foi definitiva.
Em 1838, o Partido Anti maçom apresenta um candidato à presidência dos
Estados Unidos. Os dois outros candidatos, pelos dois grandes partidos
e antigos Grão Mestres, Andrew Jackson e Henry Clay.
Jackson foi eleito pela maioria esmagadora: era a Ordem que se
reerguia, depois da debandada quase geral provocada pelo "escândalo
Morgan". Retoma, então, enfim, sua caminhada progressiva.
Existem hoje, Potências Maçônicas nos EUA, em todos os Estados,
Territórios e Distrito Federal com aproximadamente 1.500.000 membros.
fonte: Alfério Di Giaimo Neto - Rede Colméia
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