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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Michelângelo Buonarotti

Caso único entre os artistas, Michelângelo é comumente tido como uma
espécie de super homem. Quando a morte o alcançou, com a idade de 89
anos, ainda estava criando obras de arte. Suas pinturas e esculturas
de figuras de homens e mulheres são quase sobre humanos em beleza,
força e energia. Foi uma criação da Renascença, sendo arquiteto,
poeta, pintor e escultor de suprema relevância. Não foi o único;
diversos artistas de renome apareceram nesse período, mas sem dúvida
foi o maior artista entre todos eles.

O "mundo" de Michelângelo foi bem pequeno, restringindo-se as cidades
de Florença e de Roma, distantes 233 Km entre si. Percebe-se, pois,
que os efeitos enriquecedores de viagens ao redor do mundo não foram o
motivo de sua incrível genialidade.

Michelângelo Buonarotti nasceu em 06 de março de 1475, na cidade de
Caprese, próximo à Florença e era filho de Lodovico di Leonardo di
Buonarotti Simoni, que nessa cidade estava trabalhando quando do seu
nascimento. Foi criado por uma governanta, cujo marido era mineiro e
deve ter lhe passado as técnicas de, com um malho e cinzel, esculpir
em pedra.

Em 1488, com treze anos de idade, foi aluno de um dos principais
pintores da época – Guirlandaio, com técnica especializada em pintar e
decorar paredes e tetos, em afresco. Depois de um ano e meio com
Guirlandaio, foi notado por Lorenzo de Médici "O Magnífico", o qual
foi imediatamente surpreendido pela habilidade de Michelângelo em
esculpir e levou-o ao seu palácio, que era o centro cultural de
Florença. Lá, encontrou Bertoldo di Giovanni, sexagenário que havia
sido aluno de Donatello, considerado o maior escultor do século XV.

Quando Lorenzo "O Magnífico", morreu em 1492, Michelângelo voltou para
a casa de seu pai, iniciando nessa época seus estudos sobre anatomia,
através de dissecação de cadáveres. Deste modo, artistas como Leonardo
da Vinci e Michelângelo, da Alta Renascença, podiam revelar, em suas
obras, a musculatura por baixo das roupas porque haviam estudado os
músculos debaixo da pele.

Em 1496, em contato com o Cardeal Riário, e devido seu talento, foi
convidado a ir a Roma. O primeiro trabalho conhecido de Michelângelo
foi o "Baco", para um vizinho do Cardeal. Essa obra, de grande beleza
e naturalidade, mostra de forma adequada a embriaguez do deus do
vinho, Baco, que com as pernas semi dobradas, parece que está prestes
a cair.

Em seguida fez um trabalho mais ambicioso, a "Pietá", uma
representação da tristeza da Virgem Maria, segurando Jesus
crucificado, em seus braços. Peça esculpida com riquezas de detalhes e
perfeições jamais vistas em outras obras de igual envergadura.

Michelângelo voltou para Florença em 1501 e encontra um bloco de
mármore de 5,4m de altura, num quintal próximo da Catedral de Florença
e seus serviços são encomendados para trabalhar o bloco, e a estátua,
conforme combinado, deveria ser de Davi, o herói bíblico, em confronto
com o gigante filisteu – Golias. A maravilha produzida mostra a imagem
do jovem Davi, carregando no ombro a funda com a qual derrotará o
filisteu Golias.

Em 1505 foi convocado pelo Papa Júlio II, para pintar a Capela Sistina
e, em 1520, prepara a Capela dos Médici.

No final da Renascença, as cidades italianas tiveram as maiores
realizações culturais e Florença era uma das mais poderosas cidades
italianas, próspera no comércio de tecidos e sedas, tornando-se um
centro financeiro internacional. Produziu a maioria das grandes
figuras do início do Renascimento, começando com Cimabue e Giotto,
terminando com Leonardo da Vinci, Michelângelo e Rafael, entre outros.

Florença era normalmente uma república, mas durante quase todo o
século XV foi controlada por uma única família – os Médici. Suas
principais propriedades eram um banco com filiais ou agências por
quase toda Europa, e a habilidade política, tradição familiar. O banco
trouxe enorme poder e prestígio, a habilidade política os induzia a
evitar danos à vaidade florentina, controlando a cidade por detrás dos
bastidores. O real fundador da dinastia, Cósimo de Médici, usou o
poder por mais de trinta anos. Ele foi grande apreciador das artes,
embora suplantado por seu neto Lorenzo "O Magnífico".

Lorenzo foi, quando Michelângelo era adolescente, seu protetor e
estimulador na arte de esculpir, levando-o a frequentar a escola por
ele patrocinada, no palácio. Apesar de Lorenzo ter morrido em 1492, e
Florença pensar estar livre da influência dos Médici, em 1494, após
conflitos com a França, trouxeram o poder dos Médici de volta, mais
acentuadamente em 1512, como veremos adiante.

Depois de 1505, já famoso por algumas de suas obras, Michelângelo foi
trabalhar para o Papa Júlio II, em Roma. Esse personagem era, além de
Papa, um notável guerreiro, tornando-se um governante poderoso, tanto
leiga como espiritualmente. Apesar de ambos estarem sempre em atrito,
Michelângelo pintou a Capela Sistina, tornando-se mais conhecido e
mais famoso ainda.

Em 1513, o Papa Júlio II morre, no auge de seu poder. Como dissemos,
os Médici se reinstalaram no poder e o Cardeal Giovanni de Médici, o
segundo filho de Lorenzo "O Magnífico", em 1514, foi inesperadamente
levado ao trono papal como Papa Leão X, e os Médici viram-se no poder
tanto em Florença, como agora em Roma, os "dois mundos" de
Michelângelo.

Em 1520, o Papa Leão X, para celebrar a volta da família Médici ao
poder, estava ansioso para erguer uma maravilhosa fachada na Igreja
Médici de São Lorenzo, Florença. Entretanto, não houve entendimentos
entre o Papa Leão X e Michelângelo, e nada foi feito.

Ainda assim, ele de maneira nenhuma havia caido em desgraça com os
Médici. Depois de certo tempo, envolveu-se em um novo projeto para a
igreja de São Lorenzo. Na verdade eram diversos trabalhos e consistiam
em projetar a Capela dos Médici. Além disso, deveria esculpir quatro
túmulos para os Médici, e criar uma enorme biblioteca para a Igreja.
Um dos túmulos seria destinado ao mais importante homem da geração
anterior: Lorenzo de Médici "O Magnífico", primeiro protetor de
Michelângelo. O outro túmulo seria do Irmão de Lorenzo, Giuliano de
Médici, que havia sido assassinado já a muito tempo, quando
Michelângelo tinha três anos.

Na velhice de Michelângelo, a Arquitetura tomou lugar da Escultura,
permitindo-lhe continuar a moldar rochas sem o duro esforço de
esculpir, projetando diversas Praças.

E assim, na idade de 89 anos, morre um artista cuja magnitude jamais
será suplantada.


Ir.'. Alfério Di Giaimo Neto.

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