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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Selos da Exposição Antimaçônica - Sérvia

Esses selos, apesar de serem sobre maçonaria, não são muito amáveis com ela...

São da Exposição Anti Maçonica, da Sérvia, de 1941, quando da
perseguição dos judeus, e por tabela, dos maçons, já que os nazistas
achavam que muitos maçons eram judeus...

Dá prá ver a nítida referência, no selo onde as colunas J e B
aparecem, o sérvio está pisando em uma estrela de 6 pontas, a Magen
David...

Conto: Rotas (9 - O Ermitão)

O Eremita

Cada vez mais profundamente introduzido num mundo totalmente mágico,
cada vez mais sentindo-se integrado com o Todo, sentiu um tremendo
baque e desmaiou - havia colidido com algo, mas não teve tempo de
saber com o quê.

Torvelinhos rodopiavam em sua frente, visões estranhas o assolavam:
ampulhetas, ossos, uma alfange que quase decepou-lhe uma mão, um
pedaço de pão, sal, enxofre, um crânio que lhe sorriu, tudo isso
envolto numa escuridão abismal - até um galo fitou-lhe nos olhos !

Estas visões fizeram-lhe sentir impotente diante do inexorável,
fizeram-lhe não mais temer o inevitável, pois aquilo era a única coisa
certa em sua vida.

Lentamente sentiu-se retornando ao mundo ordinário em que vivia, até
que fitou uma luz que pairava suspensa em frente a sua vista,
embaciando a imagem daquele que a segurava.

Era um ermitão, que com sua lâmpada caminhava como o Louco, mas sem
olhar para trás, sem olhar por cima do ombro, nunca lamentando-se do
passado.

Era ele a imagem de que algo havia acabado, algum ciclo havia se
confirmado na vida do Louco, mas era uma coisa que ele continuava a
não entender.

Ofereceu o Ermitão um pouco de sua luz, e o Louco tentou aceitá-la,
mas não teve forças para absorvê-las, não entendendo o que dizia
aquele velho, que murmurava frases de escuridão e luz, ficava cada vez
mais e mais desapontado consigo mesmo.

Então o velho lhe ensinou algo - era estranho, seus lábios não se
moveram, mas as palavras soavam reais nos ouvidos do Louco: "A
escuridão deve ser eliminada, buscando a luz interior - eu já a
encontrei, e carrego esta para tentar iluminar o caminho dos
ímpios"...

Quero ser Venerável

        Quero ser Venerável  (Millor Fernandes)

      Tô falando....não param de me perseguir! Estão sempre contra a
minha pessoa.
      E ainda se dizem irmãos. O negócio é que a Loja estava um
marasmo."Tava um saco".
      Aliás, por falar nisso, sempre preferi AMASSARMARIA à Maçonaria,
vocês sabem.
      Só tem um negócio lá que atrai: O PODER!
      Foi aí que resolvi: quero ser Venerável!
      Comecei a conversar com os caras, mas eles me vieram com um papo
de que era cedo, que eu não tinha sido nem secretário!
      Função subalterna, trabalha mais do que fala. Jamais! Não tenho
tempo para isso...

      QUERO MESMO É SER VENERÁVEL!

      Mas tudo tem seu jeito.
      Os dias passaram, bati papo com uns e outros, fui enrolando.
      Fiz um leilãozinho de cargos. Pouco trabalho e muita pose.
      As Vigilâncias vão para dois alérgicos ao trabalho.
      Nada de preparar Instruções. Se elas já estão escritas, quem
quiser que leia, bolas.
      A oratória vai para um caso patológico de exibicionismo que
precisa de platéia - vai ter sempre!
      E por ai continuei...
      Quanto àquelas condições de elegibilidade, atropelei todas.
      Pra freqüência, atestado médico comprovando 'Mal de Escroque'.
      Nada como uns livrinhos misticistas. Dou uma cheirada neles e
viajo no esoterês...
      Bons costumes? Não tem problema, eles ainda não me conhecem direito...
      Capacidade administrativa? Bah, administração é coisa para jogar
em cima do secretário.
      Meu negócio é bater malhete e usar paramento. O resto, eu leio e
só assino.
      Mas tem uma turminha que se acha dona da Loja só porque não falta,
arruma e desarruma o Templo, chega cedo, comparece no Tronco ou  na
obra de amor e outras besteiras dessas.

Eles resolveram lançar um candidato deles. Mesmo que ele não tenha
chance, não custa pichar um pouco. Como dizia meu guru, "da calúnia
sempre fica alguma coisa..."
      Fui armando nos bastidores, fazendo cabalas com minha grande
capacidade de persuasão...
      Vocês sabem, ele é muito jovem, não presta para mandar...
      Comprei presentinhos, fiz longos discursos e botei algumas notas
no Tronco (pô que desperdício). Prometi, bajulei e menti. Beijei
criancinhas, abracei sogras, fui a batizado e enterro.
      Enfim, tornei-me o candidato ideal.
      O outro boboca, coitado, nem fez campanha. Apresentou um tal
plano de trabalho que fazia jus ao nome, só falava de trabalho.
      Argh! Ninguém deve ter gostado.
      Chegou o grande dia da eleição, eu lá tranqüilo, já até pensando
na reeleição.
      Aliás, preciso até ver quantas vezes é permitido, de repente, dá
até para mudar o regulamento...
      Por falar nisso, será que venerável é como comprar toca-fitas:
instalação é de graça?
      Não importa. Se não for, ponho na conta da Loja, junto com as
dos paramentos, que já mandei fazer, bordados a ouro.
      Enfim, o grande momento. Começa a apuração.
      Há unanimidade, estão dizendo. É a glória. Eu mereço...
      O quê...? Ganhou o outro?
      Não! Absurdo! É roubo! E o meu voto e os compars..., quero
dizer, correligionários?
      Heim...? Não tínhamos freqüência?
      Vocês não me merecem. Vou fundar uma outra Loja, para ser Venerável.
      Vocês ainda vão ver a 'VIGARICE & PICARETAGEM' em funcionamento
ainda este ano.
      Quero meu Quit Placet! O quê? Tem de pagar? Deixa pra lá então!

      T.·.F.·.A.·.
      Ir.·. Millôr Fernandes

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