Definições bem-humoradas de quem gosta de moto
Este é um pequeno glossário sobre os seres e espécies de seres bípedes
que fazem parte da fauna de duas rodas. É sempre bom conhecer estes
termos, pois deve-se ter um certo cuidado ao adereçar um destes seres,
pois se chamá-lo pela denominação errada com certeza vai levar um
xingão.
Motoqueiro: Indivíduo bípede que anda sobre uma máquina que também tem
dois pontos de contato com o solo. Notem que qualquer ser que consegue
equilibrar-se sobre os quartos traseiros pode ser motoqueiro (com o
preço que está uma CG 84 a álcool, qualquer um pode). Quando este
indivíduo comprou seu veículo de duas rodas, acreditava que qualquer
coisa sobre o asfalto com mais de duas rodas é um obstáculo a ser
vencido (tem certeza que se tivesse comprado aquela DT 180 85 daria
para pular por cima). Atualmente, depois de três multas por andar sem
capacete, várias mijadas de guardas por estar de chinelo e sua foto
(ou melhor, a da traseira da moto com ele cobrindo a placa com a mão
enquanto "fazia bundão" pro pardal) espalhada por todas as repartições
do Detran, ele É o dono da rua. Sua próxima aquisição será aquele
ferrinho de pôr na rabeta para poder empinar sem estourar a lanterna
traseira...Aí sim vai ser animal passar nos pardais.
Motociclista: Ser humano sobre uma máquina de duas rodas. Se considera
a casta nobre dos condutores de veículos motorizados, pois só anda de
capacete, não grita "Volta pra cozinha!!!!" quando uma mulher
inadvertidamente lhe fecha no trânsito e nunca joga papel de bala no
chão. Não consegue ficar 15 minutos sem pensar na sua possante, e acha
que não existe coisa melhor no mundo do que andar de moto. Se sua
mulher deixasse, guardava a moto na sala de jantar. Mas como não há
substituto para sexo, guarda a moto debaixo de uma lona na garagem
mesmo (mas só cobre depois do motor esfriar, nem que tenha que ir até
a garagem as 3:00 horas da manhã mais fria do inverno para cobrí-la).
Biker: Ser totalmente sui generis. Também se considera de uma casta
nobre, mas de um filó absolutamente diferente dos demais. Começou aos
10 anos com uma Caloi Super, de quadro de ferro e 10 marchas (era o
moleque mais rápido do quarteirão no Polícia e Ladrão sobre
bicicletas). Quando cresceu e virou gente, a 1ª moto que comprou foi
uma RD350, que passsava horas lavando e encerando. Divertiu-se muito
com esta RD ("Meu, tu não acredita em quantos minuto fiz do trampo pra
casa, e isso ao meio-dia"). Aí ganhou mais dinheiro, teve dois filhos,
trocou a Parati rebaixada com vidro fumê por um Santana de 4 portas e
comprou uma esportiva. Mais de 130 cavalos, sem contar o condutor, e
velocidade final de 270 km/h (mas com o Sarachú que ele vai colocar
vai passar dos 285 frouxo). Sua diversão é subir até o topo da serra e
descer, uma vez atrás da outra, das 8:00 às 11:30 de todo sábado de
sol, fazendo todas as curvas na horizontal. Sempre se veste com uma
jaqueta que se liga por zíper à calça, das cores mais psicodélicas
possíveis e que geralmente custam um valor de 4 dígitos. Quando chega
em casa pro almoço depois do exercício de sábado, a 1ª; coisa que faz
é abrir a jaqueta de guerreiro do futuro pós-apocalíptico e amarrar as
mangas na cintura e em seguida atacar a geladeira atrás de líquidos,
pois quase desidrata de tanto suar dentro do uniforme. Depois de beber
dois litros de água, suco, chá, cerveja, etc, beija a mulher (como
sempre ela manda ele tomar banho porque está fedendo chulé) e vai
vistoriar os novos riscos nas pedaleiras que fez naquelas curvas
animais da serra. E pensa consigo mesmo "Até sábado que vem ponho o
Sarachu, aí sim vai dar pra aproveitar toda a potência da moto".
Coxinha: Na verdade, esta definição serve para todas as tribos. É
aquele ser que tem um veículo de duas rodas dentro da sala de TV. Acha
que o importante é ficar babando em cima da moto, e só anda com ela
nos fins de semana de sol e quando emenda um feriadão e não vai viajar
com a patroa e os 3 filhos. Seu maior prazer é sair de carro com os
amigos e falar de motos. Quando sai para dar umas voltas (depois de
entrar no site do Inmet para ver se corria risco de tomar chuva
naquele sábado de céu azul), não pára em sinaleiro sem ficar
acelerando o motor. Geralmente sai no gás para frear em cima do carro
em frente a 30 metros. Sua política é que moto é a melhor coisa do
mundo, mas em viagem de mais de 30 km é melhor ir de carro por ser
mais seguro, ter rádio toca-fita com magazine de 12 CDs no
porta-malas, ar condicionado, etc. Além do mais, não sei não, mas
parece que vai chover semana que vem, por isso não sei se vai dar pra
ir junto com vocês...
Tiro Curto: Denominação dada a um ser vivente sobre duas rodas que vai
a qualquer encontro, em qualquer lugar, pagando ou não, com qualquer
tempo, mas raramente chega lá no dia programado. Sempre fica no meio
do caminho para arrumar um probleminha na moto que só depende de se
conseguir uma peçinha na cidade vizinha. A sua moto é o arquétipo da
moto ideal, mecanicamente perfeita, e aqueles barulhinhos irregulares
são charme. A bomba de óleo que estourou ontem, o fluido de freio
vazando na semana passada e a torneira de combustível entupida do
último encontro (30 dias antes) são coisas da vida que acontecem com
qualquer um. Geralmente é o 1º a apoiar a idéia do MC comprar uma
carretinha pro carro de apoio ("Lembra daquela vez que o Ciclano teve
de dormir naquele motel pulgueiro? Ainda bem que não estava junto, já
que minha moto estava na revisão, mas se a gente tivesse a carreta
vocês poderiam ter colocado aquela porcaria da moto dele em cima").
Facilmente reconhecido, pois conhece os nomes de todo mundo na sua
concessionária, do mecânico-chefe ao gerente ao cara de CG que faz
entregas. Quando consegue chegar de volta de um encontro sobre a moto
(e não dentro do carro de apoio) fala pra todo mundo que este foi um
dos melhores encontros que aquela cidadezinha já fez. Muito melhor que
o do ano passado, pois de tanta chuva (na verdade era uma garoa forte)
molhou as velas e teve de dormir num hotel na entrada da cidade que
lhe cobrou uma nota preta. "Este ano foi diferente, a organização não
deixou ninguém nos explorar com hotéis caros... Aquela mancha de óleo
ali? Isso é óleo que jogaram embaixo só para me sacanear. Esta moto
não dá oficina".
CGzeiro: Começou com uma Turuna 80 (aliás, impecável) do tio dele e
agora esta já na sua 3ª Today. Seu sonho de consumo era uma Titan ES,
mas agora com a YBR, está em dúvida...se a troca de óleo for mais
barata pode até pensar. Entre seus amigos é muito querido, pois além
de fazer zerinhos perfeitos ("aquela vez que a moto escapou e acertou
um Palio 16v estacionado do outro lado da rua foi porque a rua ali na
frente do colégio tem muita pedrinha solta por causa dos ônibus que
passam de monte") faz a melhor antena corta-cerol do bairro. Pensa um
dia escrever para a Duas Rodas e perguntar se não querem fazer um
teste com seu corta-cerol. Numa dessas pode até começar a faturar uns
trocados com os pedidos...
Superbiker: Ser sobre duas rodas bastante curioso. Sua filosofia de
vida é chegar lá. Não importa onde, desde que seja rápido. E antes dos
colegas com aquelas velharias de 1998. Seu modo de trajar é bastante
semelhante ao do biker, mas diferem por sempre usarem capacetes de
fibra de carbono com kevlar trançado, viseira anti-embaçante e a prova
de impactos e cinta jugular acolchoada de nylon anti-alérgico que pesa
somente 127 g. Têm um jeito peculiar de andar quando estão sobre os
próprios pés, pois sempre inclinam a cabeça para frente para melhorar
a penetração aerodinâmica. Não são muito vistos sobre as motos, pois
quando você vai olhar eles já passaram. Detestam andar devagar, pois o
pressurized air charged direct double induction system só começa a
funcionar a partir dos 195 km/h (se bem que a nível do mar já entra
nos 185 km/h). Além do mais, andar a menos de 200 km/h é coisa de
frouxo. São facilmente reconhecíveis nas boates dos encontros, pois
sempre são os primeiros a chegar, e quando se pergunta a um deles se o
túnel na BR ainda estava em reformas eles respondem "Reformas? Não vi
máquina nenhuma...". Outra característica marcante é seu ódio
descomunal a insetos. Isto porque dói pra cacete levar uma besourada
no pescoço a 298 km/h. Acredita piamente que até o ano 2010 estarão em
produção motos de série que rompem a barreira do som ("Aí sim vai dar
para curtir o vento no rosto...").
Cruiser (Custom): Seu nome é derivado do tipo de moto de duas rodas
que pilotam. Sua filosofia de vida é ir, não importa quanto tempo leva
nem se vão chegar lá. Só ouvem rock, e respiram couro e comem cromo.
Se não for cromado não presta. Vestem-se dos pés a cabeça com roupas
de couro (até no capacete as vezes), incluindo-se cuecas e meias,
geralmente na cor preta. Além do couro, adoram usar penduricalhos
presos a roupa, como correntinhas, broches, etc. Não gostam muito do
verão por que no sol toda esta roupa preta esquenta pra cacete.
Consideram-se os bad boys do reino de duas rodas, mas a maioria pede:
"por favor, não fala palavrão" e até respeitam mulheres no trânsito.
Também não gostam de insetos, pois como geralmente usam elmos abertos,
detestam comê-los quando estão pilotando. Nos encontros, se você
perguntar se o túnel na BR ainda está em reformas, respondem com
detalhes, pois andam tão devagar que conseguem até ler o nome nos
crachás dos trabalhadores.
Trilheiro: Este ser não faz parte da fauna urbana, pois só se sente a
vontade quando está no meio do mato. Seu credo é "no barro é que me
realizo". Estes bípedes só são felizes quando estão com barro até a
cueca, já que andar no asfalto é coisa de mariquinha. Quanto mais
chover melhor, pois assim a trilha estará bem enlameada. É um dos
poucos seres sobre motos que sabe lavar roupa, pois sua mulher se
recusa a pôr a mão ou deixar que a empregada lave aquela imundície que
é a roupa dele andar de moto. Detestam os coxinhas e flanelinhas (ver
abaixo), já que moto limpa não presta e é no mínimo coisa de fresco.
Não vão muito a encontros, pois só existem encontros em cidades, nunca
na terra ou no mato, e andar no asfalto é coisa de mariazinha.
Flanelinha: Também é um categoria de ser, sendo encontrado em todas as
tribos e filos. Este ser bípede tem como meta na vida deixar sua moto
brilhando. Não existe coisa pior que mancha ou sujeira. Também são uns
dos poucos que lavam roupa, pois só usam roupa limpa ao andar de moto
para não sujar o banco. Nos encontros que vão (apenas na época de seca
e somente em cidades limpas) ganham todos os prêmios de moto mais bem
conservada. Caracteristicamente sempre carregam um paninho, pois
sempre pode aparecer uma sujeirinha. Conhecem de cor nomes e
fabricantes de todas as marcas e tipos de ceras e polidores, além de
conseguirem citar de traz para frente a seqüência de lavagem de sua
moto. Uns chegam ao ponto de plastificar a moto inteira ("Sabe como é,
radiação ultra-violeta pode danificar a pintura. Nunca dá pra
descuidar"). Nos encontros, para achá-los é só ir onde estão as
meninas em trajes mínimos lavando motos. Geralmente tem um flanelinha
ajudando ou ensinado elas a lavar.
Estradeiro: É uma espécie de nômade, que ainda não conseguiu criar
raízes em lugar algum. Na dúvida, ele pega a estrada, não importa pra
onde, desde que seja longe. Também não se importa em quanto tempo vai
levar ou se tem alguma coisa lá, o importante é ir. Uma de suas
características é transformar a moto num motorhome, com malas,
alforjes, bagageiros, mochilas e pochetes por tudo, sempre com um 2º
capacete em cima da pilha mais alta. Ó único ser sobre duas rodas que
acha que talvez não seja totalmente verídica a estória que todo
caminhoneiro tem a mãe na zona. Afinal, naquela viagem do mês passado
ao Aconcágua que fez saindo pela Transamazônica, foi um caminhoneiro
que lhe deu carona de volta a Manaus quando o pneu traseiro rasgou.
Também não gosta de insetos, porque deixam aquela mancha verde na
viseira. Sempre que se encontrar um estradeiro e ele disser já volto,
desconfie, pois pode resolver que faz tempo que não vai às Missões e
só voltar dali a um mês. Se pudesse, trocaria o irmão mais novo para
ir de moto à Daytona. Saindo da Terra do Fogo, é claro.
Motoclube: Uma reunião formal, legalizada e com estatuto de seres
sobre duas rodas. Normalmente, é composto por apenas uma espécie de
ser, e todos são identificados por uma jaqueta ou colete de
preferência bem surrados com uma figura nas costas e escrito embaixo
"Pelo asfalto, minha vida" ou qualquer outro dizer imperioso assim.
Quanto mais coisas e penduricalhos conseguir colar, costurar ou
amarrar no colete ou jaqueta, melhor. Seus integrantes, nos encontros,
só se misturam com integrantes de outros MC de seres da mesma espécie,
e sua principal diversão é falar mal dos encontros pagos e das outras
espécies. Alguns até tem sede própria, onde fazem as reuniões para
decidir que encontro pagos vão boicotar ou qual membro vai ser punido
por não usar o broche do grupo no último encontro que foram. A maior
ocupação de seus integrantes é confeccionar adesivos para poderem
trocar com os outros MC e aí colar no painel da sede. Os Motoclubes
mais abonados mandam pintar o carro de apoio, a carretinha e a sede
inteira com as cores do grupo, e com uma baita brasão na parede (no
carro de apoio colocam aqueles adesivos magnéticos com o emblema do MC
nas portas). Para se relacionar bem com estes seres, é necessário
certo conhecimento de zoologia para se poder saber qual o bicho é o
animal que adotaram como símbolo (além dos seus hábitos, se é
carnívoro, onde se encontra, seus ritos de acasalamento, etc.).
Site: http://www.jacaremoto.com.br/historia.htm#TIPOS%20DE%20MOTOQUEIROS
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