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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Rito Adonhiramita

O mais antigo documento conhecido referindo-se ao mestre arquiteto do
Templo sob a denominação de Adonhiram é o Cathécisme des Francs Maçons
ou Le Secret des Francs Maçons (Catecismo dos Franco-Maçons ou O
Segredo dos Franco-Maçons), editado em 1744, de autoria,
possivelmente, um abade, cujo nome seria Leonardo Gabanon. Em 1730,
nasceu o Théodore de Tschoudy, considerado o organizador da segunda
parte da obra Recueil Précieus de la Franc-maçonnerie Adonhiramite
(Compilação Preciosa da Maçonaria Adorinamita), cuja primeira edição
ocorreu em 1787. O Barão Tschoudy foi membro do parlamento de sua
cidade natal, Metz, França, onde residiu de 1756 a 1765.

Maçom entusiasta e estudioso, Tschoudy utilizou seu aguçado espírito
crítico para bater-se contra a proliferação desordenada dos altos
graus do Rito de Heredom, do qual derivariam alguns dos ritos atuais,
como o escocês, o moderno e o Adonhiramita. Inicialmente, Tschoudy se
propôs a reformar os graus então existentes, reduzindo-os a quinze e
depurando-os de tudo o que não fosse fiel à tradição maçônica. Em
1766, Tschoudy publicou L'Étoile Flamboyante ou La Société des
Francs-Maçons (a Estrela Flamígera ou A Sociedade dos Franco-Maçons),
obra em que propôs a criação de uma nova Ordem de altos graus, a Ordem
da Estrela Flamígera, com três graus: Cavaleiro de Santo André,
Cavaleiro da Palestina e Filósofo Desconhecido. Desentendendo-se com
os membros do novo Conselho, dedicou-se ao já citado Recueil Précieus
de la Franc-maçonnerie Adonhiramite.

Alguns autores, porém, atribuem a autoria da Compilação a Louis
Guillemain Saint-Vitor. Esta interpretação foi feita por Ragon, que
citou este último autor em seu ritual de mestre, na bibliografia nele
mencionada. A confusão se deve à divisão da obra em duas partes, de
estilos totalmente diferentes, sendo, a primeira, pródiga em notas e
explicações, enquanto a segunda é lacônica e breve. Deduzem, os
estudiosos, que a primeira parte foi escrita por Saint-Vitor e a
segunda, por Tschoudy, em data anterior àquela.

A Compilação, aceita-se hoje, foi publicada em dois volumes, em 1787,
incluindo os graus simbólicos, graças a Saint-Vitor, que os escreveu
pouco antes da publicação, ou seja, quase vinte anos depois da morte
de Tschoudy. A primeira parte da Compilação era relativa aos graus de
Aprendiz, Companheiro e Mestre. A segunda, compreendia os graus de
perfeição: Primeiro Eleito ou Eleito dos Nove, Segundo Eleito Nomeado
de Pérignan, Terceiro Eleito Nomeado eleito dos Quinze, Pequeno
Arquiteto, Grande Arquiteto ou Companheiro Escocês, Mestre Escocês,
Cavaleiro da Espada Nomeado Cavaleiro do Oriente ou da Águia,
Cavaleiro Rosa Cruz e O Noaquita ou Cavaleiro Prussiano.

Na Europa, o Rito Adonhiramita foi praticado na França e em Portugal,
difundindo-se das colônias e sendo o preferido da armada napoleônica.
Com a difusão do Rito Francês ou Moderno, o Rito Adonhiramita começou
a ser abandonado, restringindo a sua prática ao Brasil, onde se
encontra a sua Oficina Chefe. Graças a isso, o Rito manteve a sua
pureza original e não sofrendo as influências do teosofismo, ocorrida
com os outros ritos no final do século XIX.

Em Portugal, a primeira Loja Maçônica se instalou em 1727, sendo
regularizada pela Grande Loja de Inglaterra, em Londres em 1735,
denominada Loja dos Hereges Mercantes. Na Loja de Coimbra, fundada em
1773, encontravam-se os brasileiros Antônio de Morais Silva, Antônio
Pereira de Souza Caldas, Francisco de Melo Franco e Joaquim José
Cavalcanti. Igualmente, em outras lojas, em Lisboa e no Funchal,
existiam irmãos brasileiros.

Em 18 de fevereiro de 1722, foi inaugurada a Academia Científica,
fundada no ano anterior, com o apoio do então Vice-Rei D. Luís de
Almeida Portugal Soares de Alarcão d'Eça e Melo Silva Mascarenhas,
Marquês de Lavradio. Em 6 de junho, adota o nome de Sociedade
Literária Rio de Janeiro, funcionando até 1790, quando a devassa da
Inconfidência Mineira suspendeu os seus trabalhos. Essa Academia é
tida, hoje, como uma loja maçônica disfarçada, como sugerem alguns
textos posteriores como o que se segue, de autoria do Barão do Rio
Branco, em Efemérides Brasileiras:

"Uma divisão naval francesa, comandada pelo Capitão Landolphe, tendo
cruzado alguns dias perto da barra do Rio de Janeiro, fez algumas
presas e segui, nesta data, para o Norte. Na altura de Porto Seguro,
encontrou-se com a esquadra do comodoro inglês Rowley Bulteel, e no
combate renderam-se duas fragatas francesas. Os prisioneiros foram
entregues no Rio de Janeiro, ao Vice-Rei, Conde de Resende. Refere o
Comandante Landolphe, que foi bem tratado, porque era pedreiro-livre.
Um dos filhos do vice-rei levou-o a uma festa maçônica -
introduzindo-o no recinto do templo - diz ele em suas memórias, ouvi,
com muito prazer, o discurso do venerável...".

Outro fato importante, que poucas obediências de outros países
possuem, é o manifesto, como prova de regularidade de origem da
Maçonaria Brasileira, através de uma Loja Adonhiramita - A Loja
Reunião - que se subordinava ao Grande Oriente de França. Em 1815, foi
fundada a Loja Comércio e Artes que, com a divisão do seu quadro,
formou outras duas: a Loja União e Tranqüilidade e a Loja Esperança de
Niterói. Essas lojas adonhiramitas fundaram, em 17 de junho de 1822, o
Grande Oriente do Brasil.

Em 1839, a Constituição do Grande Oriente do Brasil criou o Colégio
dos Ritos, incluindo o Rito Adonhiramita. Em 1851, foi criado o
Colégio dos Ritos Azuis e em 1873, o Grande Capítulo dos Cavaleiros
Noaquitas, também pelo Grande Oriente do Brasil. Após a separação da
Maçonaria Brasileira, os graus simbólicos ficaram com o Grande Oriente
do Brasil e as Grandes Lojas e os Altos Graus jurisdicionados às
respectivas Oficinas Chefes dos Ritos. Em 2 de junho de 1973, o Mui
Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o
Brasil instituiu os graus de Kadosh e aumentou o número de graus para
trinta e três. A partir dessa data, o governo das Oficinas Litúrgicas
do Rito Adonhiramita ficou a cargo do Excelso Conselho da Maçonaria
Adonhiramita.

O Rito Adonhiramita é o segundo mais praticado no Brasil, com especial
concentração nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Pará.
Atualmente, ele é reconhecido pelas potências maçônicas regulares,
participantes da Confederação Maçônica Interamericana e Grande Oriente
do Brasil.

Fonte: Rede Colméia

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