Teria, realmente, Jesus pertencido à seita judaica dos Essênios?
Aparentemente, de acordo com as opiniões, dadas abaixo, de alguns
escritores famosos sobre o fato, escritores historiadores, que são os
que se aplicam neste caso, tudo nos leva a crer que, não. Em caso
afirmativo, a conclusão mais razoável é que se Jesus conviveu com os
Essênios, tendo assimilado algumas de suas figuras e idéias, deles se
afastou, divergindo em pontos fundamentais.
Vamos abrir parênteses para dar uma excelente definição de
"historiador", de Cervantes: "Os historiadores devem ser precisos,
verídicos e totalmente imparciais; nem o interesse, nem o medo, o ódio
ou a afeição poderiam afastá-los da senda da verdade, da qual a
história é a mãe, a conservadora das grandes ações, o testemunho do
passado, o exemplo e o ensinamento para o presente e a advertência
para o futuro".
Deste modo, vejam a opinião de Eleutério Nicolau da Conceição, no
livro "Maçonaria – Raízes Históricas e Filosóficas", pg 177 : "Certos
livros afirmam que Jesus e Batista tinham sido Essênios, mas que Jesus
era um grau superior ao de João. Por ocasião de seu batismo, Jesus se
teria dado a conhecer por sinal, toque e palavra....etc. Parece
incrível que histórias desse tipo sejam repetidas sem que aqueles que
o fazem, tenham levantado perguntas óbvias: como aquela informação
teria chegado ao escritor? Os autores desses artigos não exercitaram
seu pensamento critico para perguntar como o autor original teria
acesso a essas informações desconhecidas de todos os estudiosos do
tema, que buscam avidamente referencias palpáveis, verificáveis na
arqueologia e documentos antigos, da passagem pela Terra do Jesus
histórico"
Continuemos obtendo mais depoimentos de escritores, como, por exemplo,
James H. Charleswort – no livro "Jesus dentro do Judaísmo", pg 74 :
"....Assim como não existem dados sustentando a idéia de Jesus ter
sido Essênio, já que não há qualquer referencia a ele nos documentos
conhecidos, não se pode tampouco afirmar que nunca houve contato entre
ambos os grupos, cristãos e Essênios. Existem, contudo, oposições
evidentes nos ensinamentos e praticas de Jesus comparados com os da
seita zadokita: os Essênios eram rigorosos cumpridores da lei,
guardando o sábado com maior rigor até do que os fariseus. Jesus
ensinava: "o sábado foi feito por causa do homem, não o homem por
causa do sábado". Em certas ocasiões mandou seus discípulos que
colhessem espigas (trabalhassem) para se alimentar no sábado.Os
Essênios superiores praticavam todo um ritual, mantendo rigor ainda
maior em relação a estranhos, e o compartilhar de refeições era para
eles um ato sagrado, apenas com os membros de seu grupo; Jesus era
acusado pelos fariseus de comer com publicanos e pecadores, a ralé da
época, o que, se feito por um Essênio, provocaria sua expulsão da
Ordem.Por último, os Essênios tinham uma cerimônia na qual
amaldiçoavam seus inimigos; enquanto Jesus ensinava: "Amai vossos
inimigos e orai por aqueles que vos perseguem".
Igualmente, o historiador John P. Meir – no livro "Um Judeu Marginal",
Imago, 1993, pg 100, nos relata, com muita sabedoria: "Seja como for
(e não há como verificar tal afirmação), não existem indicações de que
Jesus tenha tido contato direto com a comunidade de Qumrãn, em
qualquer tempo. Ele não é mencionado nos documentos encontrados em
Qumrãn, ou próximo a ele, e sua atitude independente com relação à
interpretação estrita da Lei Mosaica é a própria antítese dos
rigorosos membros da seita Qumrãn, que consideravam até os fariseus
muito indulgentes. Tudo isso não evitou que alguns escritores
imaginosos vissem Jesus e Batista em alguns textos de Qumrãn, o que
apenas mostra que a fantasia intelectual não conhece limites!"
M.'.I.'. Alfério Di Giaimo Neto
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