por motonline | 28.06.2012
Monja Coen: a sabedoria budista e as motos
Para quem ainda não teve a oportunidade de ler a entrevista que a Monja
Coen, líder da Comunidade Zen Budista do Brasil, concedeu à Claudia
Baptista de Souza, aqui vão os melhores momentos:
"Quilometro por quilometro, instante por instante. A moto tem muito isso,
você tem de estar inteiro, com atenção permanente. Você e a moto tem de se
tornar um corpo só, e não uma dualidade. Se você pensar que é você e a moto,
você cai. Tem de pensar que é uma coisa só. E prestar muita atenção porque
você está em contato com o vento, sem proteção. Justamente por isso, seu
estado de alerta tem de ser maior.
As pessoas estariam mais saudáveis se andassem de moto porque é necessário
um controle – e isso faz muito bem para o corpo e para a mente. A moto exige
muita consciência.
O que a moto tem de similar com a meditação é que você não pode ficar
guiando a moto divagando, pensando em problemas e dificuldades. Tem de
esvaziar a mente, e isso não significa ficar sem nada na mente, e sim estar
com ela aberta para as inúmeras possibilidades.
Eu costumo dizer que a plena atenção, na meditação, é como uma lente
grande-angular, que não tem foco único, mas está aberta a todas
possibilidades. Ela não vai focar somente você, e sim todo o ambiente ao seu
redor. E mesmo assim você estará em foco perfeito. Este é o foco que a moto
exige: o foco do meu caminho, da direção e de tudo que há à volta.
A moto é como a vida. É ela que diz a você quando mudar a marcha, você não
escolhe. Tem de ficar em sintonia com ela. E essa é a sintonia que a gente
tem de ter com a vida. Quando é que eu não posso acelerar? Quando é que devo
ir mais devagar? A moto é uma filosofia de vida. Se você não ouvir e sentir,
cai. Existe uma frase no budismo que diz assim: "Vá reto por uma estrada
cheia de curvas". As pessoas pensam que você vai entrar na curva e se matar,
mas não é nada disso. Seja macio na curva, seja a curva quando ela aparece.
E isso a moto ensina, a ser flexível."
Monja Coen foi uma das primeiras mulheres a guiar uma moto no Brasil e a
única a comandar um templo budista. Independentemente de nossa religião, as
palavras acima são de grande valia para todos nós.
Fonte: Texto publicado originalmente por Giovanni Guida Júnior em seu blog.
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