Moto de 125cc em Rivera custa metade do valor cobrado no Brasil
Uma invasão sobre duas rodas ocorre em Santana do Livramento, na Fronteira
Oeste.
Motos uruguaias, compradas por brasileiros pelo equivalente à metade do
preço cobrado aqui, estão se proliferando na região. Somados os veículos
emplacados no Brasil e no país vizinho, são mais de 40 mil motocicletas
circulando na cidade, que tem pouco mais de 80 mil habitantes.
Comparado com Cachoeira do Sul, município da Região Central com número de
habitantes semelhante, a quantidade de motos circulando em Santana do
Livramento é praticamente seis vezes superior.
Além das 11.928 motocicletas que constam na última estatística do Detran,
atualizada em fevereiro deste ano, são mais 29 mil motos com placas
uruguaias circulando. Grande parte delas pilotadas por brasileiros, que
importam o veículo sem pagar taxas.
— Uma moto nova de 125 cilindradas custa, em média, R$ 2,5 mil em Rivera. No
Brasil, sai pelo dobro do preço — afirma o secretário Executivo de Trânsito
de Santana do Livramento, Adroaldo Barreto.
A compra é feita utilizando cédulas de identidade uruguaia, no caso dos
doble chapas – que possuem as duas nacionalidades –, ou com comprovantes de
endereço daquele país, algo conseguido com relativa facilidade, já que
muitos brasileiros têm amigos ou parentes uruguaios.
Delegado da Receita Federal no município, Carlos Luciano Santanna explica
que há quatro anos a fiscalização reduziu drasticamente. O motivo foram
sucessivas decisões da Justiça, que devolvia aos proprietários as motos
apreendidas.
— Nós fiscalizávamos e apreendíamos motos uruguaias sendo conduzidas por
brasileiros. Mas esses proprietários entravam com recurso e reaviam os bens
por decisão da Justiça. Era um trabalho jogado fora — lembra Santanna.
Ele conta que hoje em dia apenas os casos mais escancarados são fiscalizados
com rigor.
Acordo do Mercosul prevê livre tráfego de veículos
O vaivém de carros e motos estrangeiras não é proibido por lei. Um acordo
firmado entre os países do Mercosul permite que brasileiros entrem
livremente no Uruguai e vice-versa.
O problema está na importação de motos uruguaias, que representam dano à
economia nacional.
— O brasileiro que compra uma motocicleta lá deixa de adquirir um produto
nacional — pina o delegado da Receita Federal.
ZERO HORA
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