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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Pesquisa gaúcha confirma que carne vermelha não faz mal à saúde cardíaca

Novas constatações devem mudar posicionamento dos médicos, mas
especialistas alertam que é preciso cuidar com o excesso de gordura
que o alimento pode ter

Uma pesquisa realizada no Instituto de Cardiologia do Estado traz boas
notícias para os gaúchos que comemoram nesta terça-feira o 20 de
setembro e não abrem mão de um bom churrasco. Ela comprovou que a
carne vermelha não altera os níveis de colesterol e da pressão
arterial. O estudo coordenado pelo médico Iran Castro confirma
levantamentos já realizados na Ásia, Europa e EUA e foi apresentado
neste fim de semana no 66º Congresso Brasileiro de Cardiologia, na
Capital.

Os resultados dos recentes trabalhos científicos coincidem com a
posição do médico norte-americano Kevin Croce, professor da
Universidade de Harvard, que participou de uma conferência no evento
tratando sobre verdades e mitos relacionados à carne vermelha. As
novas constatações devem levar a um reposicionamento dos
cardiologistas em relação à recomendação sobre o consumo do alimento.

Até então, os especialistas costumavam indicar aos pacientes uma
redução drástica da carne e a sua substituição por carnes brancas e
peixe. Contudo, apesar das novas constatações, ainda há um alerta: a
carne vermelha realmente traz benefícios ao organismo — sendo fonte de
proteína, de ômega 3, vitamina B12, niacina, zinco e ferro —, mas é
necessário cuidar com o excesso de gordura que o alimento pode conter.

— O que sabemos agora é que a carne magra, isto é, aquela da qual se
retira a gordura visível, as tirinhas brancas (como o contrafilé, por
exemplo) não aumenta o risco cardíaco — explica Iran Castro.

Segundo o cardiologista, não é preciso limitar o consumo do filé, da
picanha ou mesmo do lombo de porco, porém, em compensação, fica
praticamente vedado o consumo dos embutidos, salsichas, linguiças e
mortadela que, em razão do excesso de sal como conservante, aumentam
sensivelmente a hipertensão a qual, a longo prazo, leva ao infarto e
ao derrame, o AVC.

Além disso, as carnes mais gordurosas, como cupim e costela, continuam
contraindicadas, assim como a carne magra frita.

Boa notícia

A pesquisa apresentada no congresso foi realizada com 70 voluntários
divididos em dois grupos. Um deles comeu diariamente 125 gramas de
carne vermelha de gado criado em pasto e o outro grupo comeu a mesma
quantidade de carne de gado confinado, isto é, engordado mais
rapidamente em estábulos fechados e alimentado com ração. Em um
segundo momento, houve inversão dos voluntários, os que vinham comendo
carne de gado estabulado passaram a ingerir carne de gado criado no
pasto e vice-versa.

Os resultados indicam que o colesterol total de nenhum dos grupos se
elevou até o nível de 200, considerado aceitável para pessoas sem
maior risco cardíaco. O HDL, conhecido como colesterol bom, melhorou
um pouco, o LDL (colesterol ruim) não sofreu alteração significativa,
como também não mudou de forma estatisticamente importante o nível de
triglicérides, nem a pressão arterial, nem o nível de sódio. Além
disso, os dois tipos de carne levaram a resultados semelhantes nos
voluntários.

Estudos internacionais

De acordo com Castro, desde 2005, as sociedades de Cardiologia dos
Estados Unidos recomendam a redução do consumo de carne vermelha em
prol do colesterol. No entanto, recentemente um estudo asiático
revelou outro quadro.

— O estudo asiático que reviu 54 pesquisas, mostrou que a carne magra,
com baixa concentração de gordura saturada, não aumenta o colesterol —
diz.

Ainda segundo o médico, a carne brasileira é mais saudável neste
sentido porque a gordura fica fora do bife, a seu lado, e pode ser
facilmente eliminada, enquanto o gado americano produz uma carne
marmorizada, na qual os filetes de gordura permeiam todo o alimento, o
que o torna mais rico em gordura saturada.

zerohora.com

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