Continuando sua senda pela estrada, de noite, suado e cansado, o
Louco pôs-se a pensar nos acontecimentos até então.
Viu ele que todas as facetas do ser humano estavam sendo
descortinadas em frente de seus olhos, como a ensinar-lhe uma lição: o
ser humano estava ainda muito longe de ser perfeito...
Na estrada um ruído vindo de sua esquerda o alertou, e virando-se na
direção que vinha o vento, viu ele outra fogueira, mas desta vez
longe, muito longe.
Continuou andando pela estrada, mas a curiosidade de presenciar
outros fatos estranhos o impelia em direção àquele acampamento.
Sua razão o impedia de ir, mas seus instintos o impeliam
freneticamente, denunciados pelo arfar do peito e do bater
descompassado do seu coração. Sim, ele iria até lá, prevendo que algo
estava ainda para acontecer.
Atravessou um campo orvalhado de trigo, sentindo nas narinas o aroma
do campo - Como era bom - pensava ele, enquanto sua marcha cada vez
mais o aproximava de seu destino.
Já distinguia vozes quando o vento soprava em sua direção, e o bater
de ferramentas - de noite ? - e cada vez mais ficava curioso para
chegar.
Entreveu a silhueta de um grande prédio sendo erguido no meio do
nada, uma construção estranha, sentia-se inebriado pelo cheiro da
fogueira e do bruxulear das labaredas.
Subitamente, suas narinas sentiram outro cheiro, um cheiro familiar,
doce, úmido - Chuva !
Correndo para tentar se abrigar na construção daquela torre
babilônica, mal teve tempo de discernir o que acontecera - uma
poderoso raio caiu bem no topo da torre, enquanto os operários em
queda livre gritavam pela vida.
Sentiu que aquele prédio era uma paixão de alguma alma ainda não
esclarecida, uma Torre de Babel, e viu que a ira divina destruía ódios
e paixões.
Retomou sua jornada, molhado e arfante, devido a adrenalina que era
bombeada por suas veias, mais uma vez espantado com os meios que o
destino arrumara para lhe ensinar sobre o ser humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário