Se eu tivesse simplesmente deixado de comprar minha primeira moto no
extinto Mappin com meu pai em 1958 e economizado todo o dinheiro gasto
com gasolina e manutenção da mesma e das inúmeras motocicletas que já
possuí, que a sucederam nesses 52 anos que se passaram, teria
economizado muito dinheiro...
Um dia desses, pensando nisso, ao retornar de uma viagem solo ao Chile
comecei a fazer umas contas... superficialmente hoje poderia ter uns
350 mil reais guardado.
Não teria gasto dezenas de pneus, de litros de óleo e filtros, em
documentação, seguros, multas de transito, manutenção, revisão,
pedágio e principalmente de gasolina.
Para tanto, deveria ter ficado mais em casa, talvez aprendido a jogar
futebol, quem sabe esse ou um outro esporte pouco dispendioso. Nesse
caso não teria gasto meu suado dinheirinho em equipamentos caros,
capacetes, luvas, botas, roupas de motociclismo e tantas outras coisas
ligadas a rodar de moto.
Pensando bem, me sinto muito feliz em não ter hoje esse dinheiro
guardado, porque gastei conhecendo lugares e pessoas bacanas, vivi
sempre com muita adrenalina, novas expectativas de passeios e viagens
me relacionando amistosamente com todos que cruzaram meu caminho e
esse prazer vale mais do que aquele dinheiro que se foi.
Sempre estou recomendando aos iniciantes no motociclismo que sigam
esse caminho, dentro de suas posses, nunca deixem de possuir aquela
"moto dos sonhos" de participar daquele encontro com os amigos ou de
empreender aquela sonhada viagem de moto. Me preocupo primeiramente
com o valor das coisas e não o preço.
No motociclismo não deve e não pode haver economia em pneu,
equipamento de segurança nem limite para seus horizontes, já provei
que toda moto vai a todos os lugares, depende do piloto.
Hoje aos 68 anos não me arrependo de tudo que fiz e gastei no
motociclismo. Os lugares que conheci, as amizades que fiz, o vento na
cara, as dificuldades, as tempestades, a poeira, os enguiços, o sol
escaldante queimando...
Texto: Otavio Araujo "Gugu" - 68 anos, motociclista há 52 anos.
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