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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Conto: Rotas (10 - A Roda da Fortuna)

A Roda da Fortuna

 

            O Louco cada vez mais se achava louco (ou seria ele retornando à sanidade ?).Tentou levantar-se depressa, mas sua cabeça, mais especificamente sua fronte, doía, um galo marcava o local da batida (parecia-lhe que batera na lanterna do Ermitão).

            Então ele viu que a vida tinha seus altos e baixos, uma hora regozijo, outra, desespero.

            Mas o Louco era muito são e consciente para ficar ali com aquele velho que falava coisas estranhas, sempre sem mexer os lábios, sempre fitando os olhos do Louco como se fosse ler seus anuviados pensamentos.

            Era hora do Louco partir - ele era andarilho, e sentia que apenas havia começado a sua jornada de busca interior, mas sabia que algumas coisas já não eram tão sem sentido assim.

            Subitamente, o velho lhe mostrou uma tigela de água e com um gesto, o fez olhar para dentro da água.

            A princípio nada vira, mas algo começou a palpitar em seu peito e a se formar lentamente dentro da tigela.

            Era uma roda, que girava, alternando altos e baixos, mas que tinha uma característica peculiar: faltava-lhe um dos eixos!

            Animais subiam e desciam pela roda, ora num momento bom, ora num momento de angústia, sendo todos os movimentos vigiados por um ser exótico, que empunhava uma espada e controlava o giro da roda.

            Era o Mundo ! E aqueles que subiam e desciam eram os seres humanos, controlados por um ser superior, ou talvez uma força - um arquiteto...

            Quando os influxos começaram a se materializar em sua mente, vagarosamente a imagem se desvaneceu, e o Louco, numa solitária compreensão, retomou seu caminho na estrada, não sem antes tentar encontrar o velho, que após ter deixado a tigela com água para ele, desapareceu nas sombras do mundo.

 

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