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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Conto: Rotas (18 - A Lua)

A Lua

Já refeito e vestido, pôs-se novamente a andar (era só o que lhe
restava) em direção ao oriente, onde a luz já tinha desaparecido.

Caminhava absorto em suas idéias, de como o mundo estava
demonstrando-lhe os mistérios da criação, de todas as experiências que
vivera, de tudo o que viu, pensando em talvez transformar sua epopéia
em um compêndio, para que todos pudessem sentir e saber o que ele
soube.

Mas o Louco não sabia ler, nem escrever, apenas soletrar...

Podia ele então desenhar a sua estória, para que os que viessem
depois, trilhassem o mesmo caminho, mas com um mapa.

A noite já ia há tempo, e o Louco já podia entrever a Lua, despontando no céu.

Escutava uivos penetrantes, que lhe cortavam o coração e a alma,
arrepiando-lhe os pêlos da nuca, dando-lhe um enorme mal estar.

Mas como sempre, ele foi a procura...

Na beira de um lago estranho, viu de onde provinham os uivos: dois
cães, desesperados, uivavam até a exaustão para a Lua, enquanto um
escorpião os fitava, ameaçador.

Duas torres, tal qual colunas, guardavam passivamente a cena, como se
fossem duas sentinelas a fitar o quadro depressivo.

A imagem desagradou-lhe de uma maneira tal que, seu estômago se
embrulhou e sua garganta secou - que visão de péssimo agouro !

Sentia uma energia negativa fluindo, podia até vê-la em gotas, sendo
sugada para o astro nefasto, enquanto as forças dos cães desvaneciam
lentamente. Sentiu cólera, traição, ardis e esquemas passando por ele
e se espalhando pela Terra.

Rapidamente, mais uma vez, correu, correu, correu durante horas,
desesperado, ofegante, correu tanto que já não sabia há quanto tempo
corria...

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