Já refeito e vestido, pôs-se novamente a andar (era só o que lhe
restava) em direção ao oriente, onde a luz já tinha desaparecido.
Caminhava absorto em suas idéias, de como o mundo estava
demonstrando-lhe os mistérios da criação, de todas as experiências que
vivera, de tudo o que viu, pensando em talvez transformar sua epopéia
em um compêndio, para que todos pudessem sentir e saber o que ele
soube.
Mas o Louco não sabia ler, nem escrever, apenas soletrar...
Podia ele então desenhar a sua estória, para que os que viessem
depois, trilhassem o mesmo caminho, mas com um mapa.
A noite já ia há tempo, e o Louco já podia entrever a Lua, despontando no céu.
Escutava uivos penetrantes, que lhe cortavam o coração e a alma,
arrepiando-lhe os pêlos da nuca, dando-lhe um enorme mal estar.
Mas como sempre, ele foi a procura...
Na beira de um lago estranho, viu de onde provinham os uivos: dois
cães, desesperados, uivavam até a exaustão para a Lua, enquanto um
escorpião os fitava, ameaçador.
Duas torres, tal qual colunas, guardavam passivamente a cena, como se
fossem duas sentinelas a fitar o quadro depressivo.
A imagem desagradou-lhe de uma maneira tal que, seu estômago se
embrulhou e sua garganta secou - que visão de péssimo agouro !
Sentia uma energia negativa fluindo, podia até vê-la em gotas, sendo
sugada para o astro nefasto, enquanto as forças dos cães desvaneciam
lentamente. Sentiu cólera, traição, ardis e esquemas passando por ele
e se espalhando pela Terra.
Rapidamente, mais uma vez, correu, correu, correu durante horas,
desesperado, ofegante, correu tanto que já não sabia há quanto tempo
corria...
Nenhum comentário:
Postar um comentário