Naquele momento, entrou por uma porta disfarçada atrás do trono, um
estranho, que sussurrou no ouvido do Imperador e logo chamou o Louco
para acompanhar-lhe até a outra sala.
Nesta outra sala, muitos indivíduos tonsurados e mudos, se
acotovelavam esperando aquele que os havia chamado, que logo apareceu
num altar e abençoando-os com dois dedos da mão direita, pôs-se a
falar.
Falava palavras estranhas, algo que o Louco sentiu que já conhecia,
mas que eles davam a maior importância, mesmo não havendo ainda
encontrado o sentido.
Após o monólogo daquele que se entitulou-se o Papa, representante da
palavra do Senhor dos Mundos, o Louco sentiu um enorme impulso
subindo-lhe pela garganta, uma força que o impeliu a gritar, a
vociferar e a blasfemar contra aquele Papa, acusando-o de distorcer as
verdades com intuito de subjugar a plebe ignara.
Aquele sentimento toldou-lhe a visão e quando deu por si, vociferava
em altos brados impropérios e blasfêmias que fariam corar até o senhor
dos mundos subterrâneos.
Aquilo o fazia sentir mais forte que as colunas que ladeavam o Papa,
mais forte até que o mais forte dos Titãs, e aquele sentimento o fazia
sentir uma luz pulsante que o envolvia engolfando-o cada vez mais,
levando-o a uma comunhão com o Supremo Arquiteto dos Mundos, aquele
que chamavam a consciência cósmica, aquele que criava e destruía
mundos entre intervalos de seu alento.
Começou a falar palavras que até ele não entendia, mas cujo
significado pictórico era-lhe imprimido na mente, que trabalhando
indefectivelmente, projetava-lhe as idéias, materializando-as em
palavras inefáveis.
Aquilo era estranho, mas mais estranho ainda foi ver todos aqueles
que antes adoravam ao Papa prostrarem aos seus pés, diante das
palavras "Eli Eli Lama Sabactani".
O que significariam aquelas palavras, e porque todos se prostraram ?
Seria expulso ou adorado ?
Nenhum comentário:
Postar um comentário