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segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Ato falho ou Parapraxia


Ato Falho (ou parapraxia, como um termo mais abrangente em psicanálise) é um dos conceitos mais populares de Sigmund Freud. 

Ele se refere a um erro na fala, na escrita, na leitura, em uma ação ou no esquecimento, que, para a psicanálise, não é um acidente ou mera falta de atenção. Pelo contrário, é uma manifestação do inconsciente.

Freud explorou este conceito principalmente em sua obra de 1901, Psicopatologia da Vida Cotidiana.

O Ato Falho é fundamentalmente um ato bem-sucedido de uma intenção inconsciente, a consciência, com uma intenção clara, por exemplo, " Bom dia, caro colega",  falha e deixa escapar de forma não intencional, um conteúdo mental inconsciente (ex: dizer "bom dia, caro rival"), e o resultado não é o visado conscientemente, mas sim um compromisso entre a intenção consciente e o desejo recalcado (reprimido).

Em outras palavras, o Ato Falho é um deslize onde o inconsciente escapa momentaneamente do controle da censura, revelando uma verdade, um desejo, ou um conflito que o sujeito preferia manter oculto ou que ele mesmo desconhecia.

O ato falho é uma irrupção de um desejo reprimido que escapa da censura do Consciente e extravasa para o mundo, quando há uma falha no mecanismo de repressão ou recalque.

Os atos falhos não se limitam apenas à fala; eles abrangem diversos erros do dia a dia:

* Lapsos de Língua (lapsus linguae) Chamar o chefe de "tirano" em vez de "diretor". Hostilidade ou rivalidade reprimida.
* Lapsos de Escrita (lapsus calami) Escrever um cheque para uma dívida com a data de pagamento da próxima fatura. Desejo inconsciente de atrasar ou evitar o pagamento.
* Esquecimento Esquecer um compromisso com alguém que não se aprecia. Desejo de evitar a pessoa ou o evento.
* Perda/Extravio Perder um objeto que foi presenteado por um ex-parceiro. Desejo de se livrar da lembrança ou do vínculo com aquela pessoa.
* Ações Inesperadas Derrubar um copo de água na pessoa que secretamente se detesta. Agressividade ou hostilidade não reconhecida.

O material inconsciente (desejos, medos, pulsões) está sempre buscando uma forma de satisfação e de entrar na consciência. O sistema psíquico (Ego/Superego) costuma censurar esse material. 

Porém, em momentos de distração, cansaço, ou sob certas tensões emocionais, a "vigilância" psíquica relaxa, permitindo que o material reprimido se manifeste de forma disfarçada e inesperada no ato falho.

O ato falho é uma pista de ouro para o inconsciente do analisando, pois revela o conflito em questão, que pode ser investigado pela Associação Livre.

Eu acho divertidíssimo de presenciar, e é tão impulsivo, que a pessoa que comete o ato falho muitas vezes não se dá conta do que fez.

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