Margarida Neide | Ag. A TARDE
Sotero criou o serviço móvel de fotocópia para ajudá-lo a ter o pão do cada
dia
O inventor de geringonças Sotero Nascimento usa a criatividade para driblar
a falta de emprego formal. Ele investiu todo seu patrimônio (uma moto e uma
fotocopiadora) em um projeto inusitado para ganhar dinheiro: o motoxerox ou
serviço móvel de fotocópia.
A invenção tem dado certo. Ele acomodou o equipamento sobre a garupa da
motocicleta, adaptou alguns fios, ligando-os ao motor do veículo, e oferece
o serviço próximo a órgãos públicos.
Há cerca de três semanas, ele fixou ponto na porta da Transalvador, nos
Barris, para sorte de quem vai registrar uma ocorrência, pois o equipamento
da autarquia está quebrado há mais de um mês. Por uma cópia simples ele
cobra R$ 0,80.
O serviço tem sido útil ao público que não precisa se deslocar até o
shopping para copiar documentos, mas o preço é alvo de muitas críticas.
"Parece caro, mas não é. Não estão pagando apenas pela cópia, mas pela
invenção e pela comodidade. Ninguém é obrigado a xerocar aqui. Os que
quiserem pagar mais barato, têm a opção de fazer em um lugar mais longe".
Segundo Sotero, o custo para manter o equipamento funcionando também é
bastante alto, já que precisa deixar a motocicleta ligada. Apesar das
reclamações, ele garante que efetua, em média, 170 cópias por dia.
"Acho caro, mas vale pela pressa. Quem não quer perder tempo com
deslocamento paga, pois são poucos documentos. Não onera tanto", rebateu o
comerciante Gilvan Oliveira.
O inventor já ofereceu o mesmo serviço nas imediações do Detran, SAC
Comércio, Coelba Itapuã, além de algumas delegacias e da Receita Federal.
Ameaças - Há pouco mais de dois anos atuando como "copiador autônomo",
Sotero já sofreu perseguições em outros lugares por onde passou. "Vou para
onde tem demanda. O problema é que muitas vezes incomodo os donos das
copiadoras da região e sofro perseguição e até ameaça pela disputa de
cliente".
Sem concorrente por perto, a polêmica agora é outra: como a copiadora da
Transalvador está quebrada, muitas pessoas acusam o órgão de lucrar com o
serviço do motoxerox. "Isso não existe", garante a chefe do setor de
ocorrência, Lígia Costa.
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